Em tempos de guerra, a União Europeia está a preparar-se para a independência de serviços de geolocalização de base militar como o GPS (Global Positioning System), norte-americano, e o GLONASS, sistema russo. Tem, por isso, no ativo, um projeto da EUSPA (Agência da União Europeia para o Programa Espacial), que envolve testes ao sistema de posicionamento por satélite europeu Galileo: o GEMOP – Galileo and EGNOS Monitoring Of Performance, consórcio no qual participa a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), através do Observatório Astronómico Professor Manuel de Barros.
“O objetivo deste sistema europeu é fornecer serviços de geolocalização para uso civil, pois há imensas atividades hoje em dia que estão dependentes de dados desta natureza, como por exemplo a navegação aérea com elevados padrões de segurança ou os serviços de transporte rodoviário, entre muitas outras”, conta José Alberto Gonçalves, docente da FCUP responsável pelo projeto na faculdade.
Segundo o também diretor da licenciatura em Engenharia Geoespacial da FCUP, “a nossa equipa está responsável pela avaliação da performance do posicionamento baseado apenas em sinais dos satélites Galileo, em ambiente aéreo”.
“Apesar de o Galileo ainda não ter em órbita todos os satélites planeados, a sua performance é já muito boa, devido à qualidade da informação transmitida pelos satélites”, acrescenta.
Para a recolha de informação e avaliação dos dados, foi montada uma antena com capacidade para receção de sinais destes satélites num avião especializado em fotografia aérea.
São feitos regularmente voos para recolha de dados e avaliação da qualidade do posicionamento por comparação com o posicionamento obtido com os restantes sistemas, sendo que a próxima campanha decorrerá ainda este mês.
A participação da FCUP contempla também análises semelhantes em drone. “Nas formas de posicionamento de maior precisão, no posicionamento em movimento, alcançam-se níveis de incerteza inferiores a 10 centímetros, quer em avião, quer em drone. Desta forma, são possíveis aplicações de recolha de dados aéreos com grande rigor de georreferenciação”, destaca José Alberto Gonçalves.
Na equipa estão também envolvidos a docente e investigadora da FCUP, Clara Lázaro, o investigador da FCUP e Observatório Astronómico, Américo Magalhães, e o investigador e docente convidado na FCUP, André Pinhal.
O projeto GEMOP, que conta também com a participação nacional da Universidade da Beira Interior, envolve outros 26 países da UE e decorre até junho de 2025.