A Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO), que celebra este ano o seu 60.º aniversário, anunciou, esta terça-feira, a concessão da honra vitalícia de Membro da EMBO a quatro investigadores em Portugal. Entre eles inclui-se Mónica Sousa, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), que vê assim reconhecida a excelência da sua investigação científica e dos seus contributos notáveis no domínio das ciências da vida.

Para a investigadora, líder do grupo «Nerve Regeneration» do i3S, ser eleita membro da EMBO representa “uma grande honra”.

“Sinto-me muito feliz por fazer parte de um grupo de cientistas excecionais, alguns dos quais inspiraram e orientaram a minha carreira e o trabalho do meu grupo de investigação. Agradeço a forma como complementaram as nossas competências conceptuais e metodológicas, pelo reconhecimento da relevância do nosso trabalho e pelo encorajamento e reconhecimento recebidos. Agora, espero honrar este exemplo apoiando a carreira dos meus colegas mais jovens”, acrescenta Mónica Sousa.

As principais missões dos novos membros portugueses

A EMBO é uma organização internacional de mais de 2000 cientistas na Europa e em todo o mundo, empenhada em criar um ambiente de investigação na Europa onde os cientistas possam realizar o seu melhor trabalho.

Para além de Mónica Sousa, há mais três investigadores portugueses entre os 96 novos membros da EMBO(a que se juntam ainda 20 membros associados): Megan Carey, da Fundação Champalimaud, Ricardo Henriques, do Instituto Gulbenkian de Ciência e Rui Oliveira, investigador no Instituto Gulbenkian de Ciência e professor no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida.

Os novos membros têm como principais missões apoiar outros investigadores em todas as fases das suas carreiras, estimular a troca de conhecimento científico e ajudar a construir um ambiente de investigação onde os cientistas possam alcançar os melhores resultados do seu trabalho.

Com a eleição destes quatro investigadores, a EMBO reconhece a importância das suas contribuições científicas e o impacto do seu trabalho. A eleição como Membro da EMBO reconhece a excelência na investigação e as realizações notáveis de um cientista na área das ciências da vida. É uma honra vitalícia que reflete o compromisso com os mais altos padrões científicos. Todos os membros desempenham um papel fundamental na orientação dos programas e atividades da EMBO, fortalecendo as comunidades de investigação e influenciando diretamente o rumo da ciência na Europa e no mundo.

Sobre Mónica Sousa

Mónica Sousa é licenciada em Bioquímica e doutorada em Ciências Biomédicas pela Universidade do Porto. Durante o doutoramento, integrou o Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biologia e Medicina e estudou uma proteína propensa à agregação que induz a degeneração do axónio, no laboratório da investigadora Maria João Saraiva. Durante este período, criou alguns dos primeiros ratinhos transgénicos desenvolvidos em Portugal.

Como investigadora pós-doutorada, trabalhou na Universidade de Columbia – Nova Iorque, no laboratório de David Stern, onde estudou cascatas de sinalização que medeiam a neurodegeneração causada por fibrilas amiloides. O seu trabalho contribuiu para estabelecer agregados não-fibrilares como os culpados pela perda neuronal.

Apesar da sua formação em doenças neurodegenerativas, Mónica Sousa foi-se interessando cada vez mais na biologia do crescimento e regeneração dos axónios. Como investigadora independente começou a focar-se na biologia celular dos axónios e, desde 2008, lidera o grupo do «Regeneração Nervosa», primeiro no IBMC e agora no i3S.

O grupo de Mónica Sousa está interessado em caracterizar vias que controlam o crescimento do axónio durante o desenvolvimento e a regeneração do axónio após lesão e doença. O trabalho da investigadora do i3S foca-se especificamente na organização, dinâmica e transporte do citoesqueleto axonal, reunindo modelos de roedores in vitro e in vivo, incluindo o modelo de lesão da medula espinhal. Uma descoberta recente do grupo «Regeneração Nervosa» foi a identificação do rato-espinhoso como o único mamífero conhecido por regenerar espontaneamente a medula espinhal após lesões graves. Mónica Sousa pretende agora identificar os tipos celulares e os elementos moleculares que permitem a progressão e reversão da cicatrização.

Ao longo da sua carreira, Mónica Sousa tem acumulado prémios, entre os quais se destacam o Prémio Pfizer em Investigação Básica, Prémio Albino Aroso (2016), prémio Bluepharma Innovation (2018), Prémio Grunenthal Dor 2021 e o Prémio Melo e Castro em 2022, em 2019 e em 2016, entre outros. Obteve também financiamentos de relevo da Fundação internacional «Wings for Life» e da Fundação «la Caixa».

Sobre a EMBO Membership

A tradição da EMBO de reconhecer investigadores excecionais remonta a 1963, quando a EMBO selecionou um grupo inicial de 150 membros que, desde então, tem vindo a crescer através de eleições anuais.

Como membros da EMBO, estes investigadores terão um papel ativo nas iniciativas da organização, como a participação no Conselho e nos comités da EMBO, a avaliação de novas candidaturas, a orientação de jovens cientistas ou a participação nos conselhos editoriais das revistas da EMBO Press.

Através destas atividades, os membros da EMBO ajudam a reforçar as comunidades de investigação na Europa e no resto do mundo e a definir a direção da investigação no domínio das ciências da vida.