É com o tema da mentira que inauguramos um novo ciclo de conversas nas Noites no Pátio do Museu. Caberá ao Reitor da Universidade do Porto procurar o sentido da verdade. Mas há muito mais para aguçar os sentidos na semana de 8 a 14 de julho. Há cinema, música e da poesia vamos fazer… arroz malandrinho com bolinhos de bacalhau. Sempre às 21h30 e com entrada gratuita, no pátio do Polo Central (à Reitoria) do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP).
Dia 8 de julho, segunda-feira, é então dia – ou noite… – de Conversa para Pensar … a Mentira. Será que a verdade dá muito trabalho? Um historiador diria que sim, enquanto um cientista acharia que qualquer verdade é sempre rebatível. E o que diria um psicólogo sobre a utilidade da mentira? Poderemos fundamentar direitos, muscular invasões e erguer dinastias com base em mentiras estruturadas, ou a perna é sempre curta? E o que pensar do alcance de uma notícia que depois percebemos ser falsa? Qual o real impacto de um desmentido?
Nesta conversa ao luar, o jornalista Carlos Magno vai falar sobre a mentira na comunicação social, com foco no contexto e nos efeitos colaterais das “fake news”. Celina Manita, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP), abordará a mentira à luz da psicologia, claro está, e Luís Amaral, professor da Faculdade de Letras (FLUP), vai levar-nos numa incursão pelos cantos da história. Que mentiras foram varridas para debaixo do tapete? E se pensarmos nas efabulações da literatura? Aí… Será a vez de Rui de Carvalho Homem (FLUP) encontrar “o fio à meada” desse pano para tanta manga.
Neste labirinto de convicções e castelos com consistência de areia, caberá, então, ao Reitor da U.Porto assumir as funções de “arqueólogo da verdade”. António de Sousa Pereira irá orientar a discussão no sentido da verdade.
Muito cinema, música e poesia servida à mesa
Quarta-feira, dia 10 de junho, a proposta das Noites no Pátio do Museu inclui uma viagem por seis países, durante 15 anos, sem sair do lugar. The last transhumance leva-nos ao mundo dos pastores que caminham longas distâncias com os seus animais em busca de alimento: uma forma de vida ancestral pouco compatível com o mundo moderno. Este documentário, do romeno Dragos Lumpan, é a proposta para esta semana do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela.
Aqueles que lhe eram próximos sabiam que Ana Luísa Amaral gostava de cozinhar para os amigos. Não queria ajuda na cozinha, mas apreciava a conversa marinada com os convidados, enquanto apurava o repasto. É assim que nasce Diagonal: À moda de Luísa Amaral, título do “prato” que será dado a provar a quem aparecer na noite de 11 de julho.
Trata-se de uma performance teatral e musical, produzida pelo NEFUP – Núcleo de Etnografia e Folclore da U.Porto, que à poesia acrescenta uns fiapos de perfume culinário, música tradicional, objetos com história e, espera-se, a alegria da comunhão entre os diferentes ingredientes. É este “o olhar diagonal das coisas” que tinha e proclamava a poeta que, até ao final do ano, é a Figura Eminente da U.Porto.
Rafo já fez 40 anos e é um pai divorciado que vive como um homem solteiro, até ao momento em que sua filha pré-adolescente, de 11 anos, lhe bate à porta para se mudar para a sua casa sem avisar. É à reviravolta vertiginosa desta vida que iremos assistir na sexta-feira, dia 12 de julho. O Ciclo de Cinema Peruano traz ao pátio do MHNC-UP Margarita: ese dulce caos, um filme de 2016, de Frank Pérez-Garland.
Sábado, 13 de julho, vamos partilhar … chamemos-lhe um segredo bem guardado. De origem americana, Doc Rossi é mais do que um guitarrista e tocador de cistre. É um músico e estudioso das músicas tradicionais e da música antiga (e respetivas interseções). A paixão pelo cistre levou-o ao fado e à tradição profunda da guitarra portuguesa. Gravou dois álbuns de música para cistre do século XVIII, denominado normalmente como “guitarra inglesa” e dos álbuns mais recentes, Góntia recria música de dança francesa do século XVIII através de arranjos influenciados pela música irlandesa contemporânea.
Esta será uma oportunidade rara para acompanhar Doc Rossi numa viagem sonora à guitarra (músicas do Havai, da América, da Inglaterra e da Irlanda) e no cistre (com sonoridades da Córsega, da Itália, Irlanda e França) que não conhece fronteiras.
A segunda semana das Noites no Pátio do Museu vai despedir-se Entre Palácios e Aldeias, título do espetáculo de música e dança que, na noite de domingo, 14 de julho, vai brincar a audiências com uma combinação de repertório de dança antiga dos séculos XVI e XVII com as danças tradicionais portuguesas do início do século XX.
Este espetáculo nasce de uma parceria entre a Portingaloise – Associação Cultural e Artística e o NEFUP, e conta ainda com a colaboração dos alunos e professores do Conservatório de Música de Coimbra.
Uma iniciativa conjunta da Casa Comum e do MHNC-UP, as Noites no Pátio do Museu continuam durante todo o mês de julho (ver programa completo). A entrada é gratuita e faz-se pelo Jardim da Cordoaria.