Desenvolveram, com o apoio da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), um cimento dentário sustentável, alternativa ao cimento mais comum, preparado a partir de quitosano extraído de cascas de camarão. Este projeto inovador é uma iniciativa de jovens alunos do Agrupamento de Escolas da Maia e valeu-lhes o passaporte para a maior feira de ciência do mundo – a Regeneron International Science and Engineering Fair, que se realiza no próximo ano em Ohio, nos Estados Unidos. O prémio foi atribuído na Mostra Nacional da Ciência, que decorreu no passado mês de maio, na Alfândega do Porto, na qual a equipa do projeto SEAMENT ficou em 1º lugar.
Lara Petada, Magda Oliveira e Rodrigo Gomes estiveram, ao abrigo de um protocolo com o Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, nos laboratórios do DQB a desenvolver trabalho científico sob a orientação da investigadora Andreia Peixoto, do Laboratório Associado para a Química Verde -REQUIMTE, FCUP. A FCUP colaborou na produção do quitosano a partir das cascas de camarão.
“Estudos precedentes permitem concluir que apesar da variedade de cimentos disponíveis, nenhum é capaz de garantir um selamento eficaz e completo, de forma a evitar as possíveis segundas infeções, após o restauro da área afetada pela cárie, o que nos motivou para a criação de um cimento capaz de cobrir estas necessidades. O uso de quitosano obtido das cascas de camarão contribui para a sustentabilidade, aumentando o valor industrial deste produto”, pode ler-se no resumo apresentado pelos jovens alunos que também tiveram o apoio científico do grupo de investigação 3B’s da Universidade do Minho. Pretende-se que este cimento seja capaz de reduzir a atividade das bactérias S.mitis e E.coli, demonstrando-se eficácia na prevenção de re-infeções orais.
Mas esta não foi única equipa com apoio FCUP a brilhar na competição. Também a equipa do projeto Regum foi premiada e vai assim participar na Expo Science Internacional, em Luxemburgo, marcada para novembro.
Desenvolvido pelos alunos André Sá, Bárbara Correia, Henrique Oliveira e Diego Vigil, da Escola Secundária da Maia, este trabalho consiste em reciclar pastilhas elásticas e óleos usados como fontes alternativas para a produção de sabonetes e biodiesel. É um projeto que pretende dar vida a um dos resíduos mais comuns nas cidades cosmopolitas, criando sabonetes com base em extratos de pastilha elástica e catalisadores para a produção de biodiesel.
O Regum foi desenvolvido também com o apoio de Andreia Peixoto, em conjunto com Marta Monteiro, estudante do doutoramento em Química Sustentável da FCUP, que apoiaram ainda os alunos do projeto Healing Scales.
O HealingScales, de Beatriz Sousa, Irene Constantino e Maria Veiga, também da E.S. Maia, consiste na criação de um produto com propriedades cicatrizantes à base de queratina extraída das mudas de pele de cobra, trabalho realizado nos laboratórios da FCUP. A queratina é um composto natural com propriedades regenerativas, sendo utilizada nas mais diversas aplicações. O produto final apresentado foi um hidrogel à base de queratina que poderá ser aplicado em feridas com o intuito de acelerar a cicatrização. Este projeto contou ainda com o apoio do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde.
Tanto o Regum como o Healing Scales conquistaram uma menção honrosa na competição. O prémio consiste na oferta, pela Porto Editora, de um vale de 50 euros para a aquisição de livros.
“Para os alunos, esta cooperação é muito frutuosa pois ficam com uma visão do que é estar na universidade, do que é fazer ciência, dá-lhes responsabilidade e autonomia e aprendem também qual o valor do erro, quer seja no campo científico quer seja do ponto de vista de crescimento pessoal”, descreve Luísa Santos, professora da Escola Secundária da Maia e que acompanhou e orientou as equipas premiadas.
Na edição deste ano da Mostra Nacional de Ciência. iniciativa da Fundação da Juventude, em parceria com a Câmara do Porto e a Ciência Viva, participaram 350 jovens cientistas de todo o país, que apresentaram a concurso 107 projetos.