A equipa que integra o projeto SLE-CORIOLIS, liderada por Daniel Guimarães de Oliveira, clínico e investigador no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e na Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), conquistou recentemente a Bolsa de Investigação em Medicina Interna (Prémio EIMI), no valor de dez mil euros. O galardão foi entregue no 30.º Congresso Nacional / 9.º Congresso Ibérico de Medicina Interna e os investigadores terão agora a oportunidade de explorar os fatores que determinam a qualidade de vida relacionada com a saúde dos doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico (LES).
O LES é uma doença autoimune crónica e muito heterogénea. Do ponto de vista clínico, tem sido abordada tendo em conta os sintomas mais evidentes, como lesões na pele, alterações nas análises, dores articulares, etc.
No entanto, explica Daniel Guimarães de Oliveira, que é especialista de Medicina Interna na Unidade de Doenças Autoimunes da Unidade Local de Saúde Tâmega e Sousa, “os doentes há muito que nos dizem que isso é insuficiente. Efetivamente, a qualidade de vida dos doentes com LES é reduzida em relação à população em geral e parece-nos fundamental valorizar esta perspetiva dos pacientes e promover a comunicação médico-doente”.
Enquanto investigador no grupo «Immunobiology» do i3S, Daniel Guimarães de Oliveira tem procurado caracterizar os determinantes em saúde desta população. “A pergunta que colocámos, e pretendemos começar a responder com este projeto, é quanto da qualidade de vida é afetada pela componente inflamatória da doença, qual a sua presença ao longo do tempo e que impacto isso gera na saúde e na vida dos doentes. O objetivo é, sempre, fazer trabalho com benefício prático, ou seja, sinalizamos os doentes que ouvimos com as suas preocupações e queremos contribuir para a mudança”, diz.
Este projeto, realça o clínico e investigador, resulta de uma iniciativa conjunta de dois serviços clínicos – a Unidade de Doenças Autoimunes (UDAI) do Serviço de Medicina Interna da Unidade Local de Saúde Tâmega e Sousa e a Consulta de Doenças Autoimunes do Serviço de Medicina Interna da Unidade Local de Saúde Entre Douro-e-Vouga (Rita Quelhas Costa) – e uma unidade de investigação, o i3S (Elva Bonifácio Andrade, Inês Lorga e Nuno Ribeiro). Ou seja, sublinha, “tem a vantagem de promover uma sinergia de esforços e de aproximar serviços clínicos e académicos”.
Daniel Guimarães de Oliveira, que recebeu no ano passado a Bolsa de Doutoramento Nuno Grande, no valor de 25 mil euros, destaca também o facto deste projeto avaliar doentes de hospitais não universitários: “A maioria da informação científica, e portanto da caracterização dos doentes, provém dos grandes centros urbanos e, da perspetiva da qualidade de vida destes doentes, isso é redutor, pelo que também estamos muito contentes pela oportunidade que nos foi concedida de fazer este estudo nos nossos centros”.
Ser distinguido com este prémio, confessa o investigador, “é, obviamente, motivo de grande orgulho, mas é também a validação do esforço que temos feito de aproximar a investigação e a prática clínica, além de uma inspiração para projetos futuros. Desejo que sinalize a nossa disponibilidade em aprofundar este trabalho e a abertura a colaborações com quem se reveja nestes temas”.
Daniel Guimarães de Oliveira faz também questão de agradecer a “todos os doentes, familiares e redes de suporte que motivaram e informaram este projeto. Movem-nos, pelo seu exemplo no dia-a-dia, a imaginar desafios e potencialidades no que seriam, sem a sua inspiração, obstáculos desarmantes».