A estudante Lídia Faria, do Programa Doutoral em Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, a desenvolver trabalho de investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da U.Porto (i3S), conquistou o DMM Outstanding Paper Prize 2023 , destinado ao melhor artigo publicado em 2023, na categoria de Investigação, na revista científica Disease Models and Mechanisms.
Publicado em fevereiro de 2023, o artigo premiado mereceu honras de capa na revista e descreve o desenvolvimento de uma mosca «avatar» com o objetivo de perceber de que forma as lesões benignas da mama se tornam cancerígenas. As conclusões permitem identificar as mulheres que têm maior risco de desenvolverem cancro da mama.
Integrada no grupo de investigação «Cytoskeletal Regulation & Cancer» do i3S, liderado por Florence Janody, a estudante do Programa Doutoral em Biologia Molecular e Celular – colecionado pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), pela Faculdade de Ciências (FCUP) e pelo i3S – reconhece que ver o trabalho ser premiado com 1.000 libras e, principalmente, ser considerado o mais importante publicado pela revista durante o ano de 2023 “é muito gratificante e incentiva-nos a continuar a dar o nosso melhor”.
Uma mosca “humanizada” para melhor compreender o cancro da mama
Os tumores da mama podem ser classificados como benignos ou malignos. Os tumores benignos são caracterizados pela presença de uma massa anormal de células não cancerígenas que geralmente não é problemática. Apesar disso, todas as mulheres diagnosticadas com lesões da mama não cancerígenas recebem tratamento farmacológico com fortes efeitos secundários porque atualmente os médicos não conseguem prever que tumores não-cancerígenos vão ou não progredir para uma doença maligna. Existe, por isso, uma clara necessidade de definir novos testes capazes de identificar as mulheres que irão beneficiar do tratamento e excluir aquelas que não necessitam de passar por tratamentos desnecessários e nocivos.
Para atingir esse objetivo, três grupos de investigação do i3S liderados pelos investigadores Florence Janody (do qual faz parte Lídia Faria), Joana Paredes e Eurico Morais de Sá criaram uma mosca «avatar» que contém um gene humano que codifica a P-caderina, uma molécula que está presente em grande quantidade tanto em células não cancerígenas como em células de cancro da mama.
Os autores mostraram que as células da mosca humanizada com a P-caderina se comportam de forma semelhante às células humanas da mama que sofrem o desenvolvimento de cancro e também identificaram que as moléculas MRTF-A e SRF, quando ativadas pela P-caderina, convertem células não cancerígenas em células de cancro.
A presença das moléculas P-caderina, MRTF-A e SRF em tumores da mama não cancerígenos poderá prever a sua evolução para células cancerígenas, o que permitirá desenvolver novas abordagens para identificar mais eficazmente as mulheres com lesões pré-cancerígenas que realmente irão beneficiar de intervenções terapêuticas mais invasivas.