A Universidade do Porto é a grande dominadora da edição 2024-25 das Bolsas Fulbright Portugal para Estudantes, uma iniciativa da Fulbright Commission Portugal que, ao longo do próximo ano, vai apoiar o trabalho de jovens investigadores portugueses de eleição, dando-lhes a oportunidade de desenvolver os seus trabalhos de investigação em instituições científicas dos Estados Unidos da América (EUA).
Com um total de nove bolsas conquistadas, a U.Porto é a instituição portuguesa mais representada entre os 32 estudantes bolseiros selecionados ao abrigo dos diferentes programas de bolsas promovidos pela Fulbright.
Entre os novos Fulbrighters da U.Porto destacam-se desde logo os seis estudantes de doutoramento distinguidos ao abrigo das bolsas promovidas pela Fulbright, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
André Sousa, estudante do Programa Doutoral em Metabolismo – Clínica e Experimentação da Faculdade de Medicina (FMUP), vai viajar até à University of Pittsburgh, onde, ao longo de seis meses, vai estudar a associação entre a diabetes tipo 2 e o cancro da próstata. “Espera-se que este trabalho produza conhecimentos significativos e conduza potencialmente a tratamentos inovadores para o cancro da próstata”, refere a Fulbright.
Dos laboratórios de Medicina para uma das mais conceituadas universidades do mundo será o caminho a percorrer por Joana Reis Pardal. No Meta-Research Innovation Center (METRICS) da Universidade de Stanford, a doutoranda em Investigação Clínica e de Serviços de Saúde da FMUP e investigadora do CINTESIS vai trabalhar “no desenvolvimento e aplicação de metodologias de ponta para avaliar e melhorar a validade e a transparência da investigação científica”, contribuindo assim para “uma tomada de decisões mais fiável no domínio dos cuidados de saúde”.
Catarina Teixeira, estudante do Programa Doutoral em em Patologia e Genética Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar ICBAS), viajará por sua vez até à Weill Cornell University, em Nova Iorque, para estudar o potencial de um inibidor farmacológico para o tratamento do cancro do rim.
É igualmente do ICBAS, onde frequenta o Programa Doutoral em Ciências Biomédicas, que Daniela Trindade partirá rumo à Universidade do Colorado Boulder, para trabalhar no desenvolvimento de um “tratamento minimamente invasivo para a regeneração do disco da articulação temporomandibular”.
Inovador é também o trabalho que Isabela Santos vem realizando no âmbito do doutoramento em Química Sustentável da Faculdade de Farmácia (FFUP), direcionado para o tratamento do osteossarcoma metastático. Um “projeto pioneiro” que está a desenvolver no LAQV-REQUIMTE e vai crescer, durante meio ano, no Brigham Women’s Hospital, associado da Harvard Medical School.
Com bilhete reservado para os EUA está também Pedro Sousa, estudante do doutoramento em Ciências Agrárias da Faculdade de Ciências (FCUP) e investigador no GreenUPorto – Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável. O destino é a Universidade do Arkansas, onde vai “investigar de que forma as emoções evocadas pelas comida influenciam os comportamentos dos consumidores, particularmente os comportamentos alimentares e de compra”.
Da inteligência artificial ao estudo do cancro
Para além das seis bolsas bolsas apoiadas pela FCT, a Fulbright Portugal vai ainda financiar os trabalhos de dois estudantes da U.Porto ao abrigo da Bolsa Fulbright para a Investigação/FLAD, destinada a estudantes de mestrado e oferecida em parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).
Ana Sofia Costa, é estudante de Mestrado em Inovação e Empreendedorismo Tecnológico, lecionado pelas faculdades de Economia (FEP) e de Engenharia (FEUP). Para a sua tese de mestrado, a jovem engenheira informática vai colaborar com o Laboratory for Innovation Science da Harvard Business School, numa investigação centrada “na utilização de IA generativa para aperfeiçoar a tomada de decisões em ambientes empresariais”.
Já Miguel Correia, mestrando em Bioquímica na FCUP e no ICBAS, vai desenvolver parte da sua dissertação no Buck Institute for Research on Aging, na Califórnia. Ali, “terá a oportunidade de aprender novas e avançadas técnicas e metodologias e de aprofundar os seus conhecimentos e investigação na área do envelhecimento celular” e “no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para doenças relacionadas com a idade, incluindo doenças neurodegenerativas e cancro”.
Ensinar Português nos EUA
O grupo de Fulbrighters da U.Porto para o próximo ano letivo inclui ainda o nome de Inês Silva de Almeida, mestre em Português Língua Segunda ou Estrangeira pela Faculdade de Letras da U.Porto (FLUP) e única contemplada deste ano com uma Bolsa Fulbright – FLTA (Foreign Language Teaching Assistant). Trata-se de um programa que dá a jovens professores(as) de Inglês ou de Português Língua Não Materna a possibilidade de “lecionar a sua língua materna em instituições americanas de ensino superior”.
Com experiência em diferentes contextos de ensino em Portugal, Timor-Leste, Espanha e Alemanha, a alumna da FLUP vai trabalhar, no próximo ano letivo, como Assistente de Ensino de Língua Estrangeira nos EUA, onde “terá a oportunidade de lecionar e assistir a aulas de língua portuguesa, participar nas atividades do departamento e acompanhar os alunos na sua aprendizagem”.
“Desta forma, espera não só melhorar as suas capacidades como professora, mas também atuar como embaixadora cultural, desenvolvendo diálogos e atividades interculturais no seio da comunidade de alunos”, lê-se na página da Fulbright.