Nos dias 22 e 23 de maio acontece, no Porto, a reunião de kick-off do CONNECTION, um projeto europeu liderado pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que, nos próximos 3 anos, irá promover hábitos alimentares mais saudáveis e estimular a prática de atividade física junto de crianças e adolescentes em circunstâncias socioeconómicas desfavorecidas.

O CONNECTION –  CO-creating commuNity iNterventions on diEt and physical aCtivity to increase health equiTy in chIldren and adolescentes – foi submetido no âmbito da call “Health Equity 2023”, do Programa Horizonte Europa, da União Europeia e aprovado a 27 de outubro de 2023. Arrancou, recentemente, a 1 de maio de 2024, com o objetivo projetar, implementar e avaliar um conjunto de intervenções comunitárias – no contexto social, físico e ambiental – que promovam hábitos alimentares mais saudáveis e estimulem a prática de atividade física junto de crianças e adolescentes em circunstâncias socioeconómicas desfavorecidas, com a missão final de aumentar a equidade na saúde.

Coordenado pela investigadora responsável do ISPUP, Carla Lopes, o CONNECTION conta com uma vasta equipa de investigadores, provenientes de universidades e centros de investigação de 8 países europeus: Portugal, Bélgica, Itália, Países Baixos, Dinamarca, Lituânia, Letónia e Espanha. Esta equipa esteve, esta quarta e quinta-feira, reunida no ISPUP, num evento que marca o kick-off oficial do projeto e onde, entre outros temas, serão discutidas as principais etapas de desenvolvimento e as ações a executar ao longo dos próximos três anos, estando prevista a conclusão do projeto em abril de 2027.

Criar “ambientes” que estimulem a prática de atividade física

Tirando partido da experiência e do envolvimento destes parceiros noutros projetos que incluíram intervenções comunitárias bem-sucedidas, o CONNECTION contemplará também cocriação de intervenções para mitigar as desigualdades alimentares entre as crianças e adolescentes que vivem em condições mais vulneráveis, replicadas em diferentes contextos europeus, a fim de identificar novas abordagens para intervir em ambientes alimentares e de atividade física, promovendo simultaneamente, os direitos humanos sociais .

No desenho das intervenções, os adolescentes serão envolvidos no projeto, numa lógica de investigação-ação participativa, com o propósito de desenvolver ações alinhadas com as necessidades e interesses da população-alvo e como forma de capacitar estes jovens a tomarem melhores decisões sobre saúde.

Além disso, os dados provenientes de estudos de coorte de nascimento, como é o caso da Geração XXI do ISPUP, proporcionarão oportunidades importantes para avaliar trajetórias de comportamentos e para estudar sua a associação, ao longo da vida, com os níveis de saúde, bem como compreender como os fatores sociais podem modificar estas associações.

Finalmente, o projeto planeia ainda desenvolver ferramentas políticas e orientações de implementação para apoiar os decisores políticos e outras entidades relevantes num planeamento futuro que permita uma maior igualdade na saúde.

“O objetivo final dos nossos modelos de cocriação baseados na comunidade é quebrar ciclos de iniquidades em saúde, ao envolver ativamente a população alvo”, conclui Carla Lopes, investigadora responsável do projeto.

Importa referir que o ISPUP já se encontra envolvido na conceção e implementação de intervenções comunitárias nos municípios da área urbana do Porto, nomeadamente no âmbito do seu trabalho nos planos municipais de saúde. Também é membro do ProChild CoLAB – Laboratório Colaborativo Contra a Pobreza e a Exclusão Social na infância com colaborações ativas em municípios do Norte de Portugal, nomeadamente em regiões geográficas e bairros mais desfavorecidos.