É uma mistura entre arte, ciência e tecnologia. Em colaboração com o Planetário do Porto – Centro Ciência Viva, o Absonus Lab – Pesquisa Sonora, Tecnologia e Cultura apresenta duas noites de imersão sensorial. O concerto “Hyper-Objects: Música Acusmática em Conexão” repete nos dias 29 e 30 de maio,  na Cúpula do Planetário.

Vamos por partes. A montante, dizer que entramos no universo da música acusmática, ou seja, música eletroacústica. Características como o ritmo, a melodia e a harmonia assumem uma importância secundária quando o aspeto musical central é o som. Este som pode derivar de uma panóplia de instrumentos musicais, da voz, de áudio manipulado por processadores de efeitos, entre muitas outras sonoridades.

A música é, assim, produzida com recurso a tecnologias musicais combinadas com materiais sonoros justapostos e transformados. Permanecendo a “matéria prima” ou fonte sonora oculta, o som surge desligado da origem visível. É, por isto, uma forma de expressão artística que se encaixa no conceito dos hiperobjetos porque compartilha algumas das suas características, nomeadamente a não-localidade, a proliferação temporal, a interobjetividade e a causalidade faseada.

O termo “hiperobjeto” foi cunhado pelo filósofo Timothy Morton e refere-se a fenómenos ou entidades que desafiam as fronteiras convencionais do tempo e do espaço, ultrapassando a nossa capacidade de perceção. No livro Hyperobjects: Ecology After the End of the World (2013), o filósofo afirma que hiperobjeto é uma entidade que embora não tenha limites tridimensionais, produz um impacto distinto no território. Dá como exemplo a ocorrência de desastres naturais ou outros fenómenos em grande escala, situados entre o real e o metafísico. Outro exemplo poderão ser as alterações climáticas e as crises ecológicas que transcendem a experiência humana imediata.

Na música acusmática, os sons surgem desvinculados das respetivas fontes visuais, permitindo que o ouvinte mergulhe num ambiente sonoro abstrato, sem uma localização específica. Uma oportunidade para explorar o potencial da perceção auditiva na estimulação da imaginação, revelando novas dimensões sensoriais e intelectuais sobre os limites da perceção.

Conferem estrutura a este universo imersivo de som obras de compositores consagrados e emergentes, reproduzidas por meio de um sistema de áudio de oito canais.

No dia 29, o concerto terá início às 21h30 e no dia 30 de maio começará um pouco mais cedo, às 18h00. Ambos têm uma duração prevista de 1h30 e são recomendados para um público a partir dos 10 anos de idade.

Para mais informações sobre os espetáculos, consultar o portal do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva.