Vai ser mais uma semana de programação “por nossa conta”. Teatro, cinema, música e performance multimédia fazem parte do “cardápio” de mais uma semana de Noites no Pátio do Museu. Para degustar de 12 a 17 de julho, sempre às 21h30, no Pátio do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto (MHNC-UP), e com entrada gratuita.
Um pouco por todo o país vai-se assinalando o centenário do nascimento de uma escritora de voz pujante e, seguramente, uma das mais marcantes a chegar ao século XXI. Falamos de Agustina Bessa-Luís, claro. Quem a traz “à cena” o universo desta escritora amarantina é a companhia de Teatro Seiva Trupe. Dia 12 de julho, pode contar com uma encenação imaginada que irá fazer subir ao palco A menina d’oiro.
É uma encenação que vai convocar o público a agir. Vai puxar pelo imaginário coletivo. Num trabalho que se pretende colaborativo, vão esboçar-se cenas em torno de um tema: “Os meninos(as) de oiro, do ninho da família, saltam os socalcos do Douro ou adormecem na sombra das videiras?” Fica a ideia a amadurecer…
Gosta de encontrar objetos antigos e descobrir-lhes a serventia? Quarta-feira, dia 13 julho, será a perfeita ocasião para conhecer objetos (voadores ou não… é vir para confirmar) muito raramente identificados. Qualquer semelhança com outro objeto do seu dia-a-dia é pura ficção! Falamos de prensas e vásculas, que é como quem diz, entramos no universo da botânica a tiracolo.
Fazer o estudo das plantas, dos fungos e dos acessórios da botânica de campo, ou seja, ir para o terreno implica explorar atividades como botanizar e herborizar. Para que isto seja possível, já pensou no que é necessário? Para além do necessário conhecimento, naturalmente, são necessários instrumentos, relativamente simples e intemporais, como prensas e pequenas caixas metálicas (vasculas). Há seis séculos que herboristas, médicos, boticários, taxonomistas e botânicos reconhecem estes objetos como preciosos auxiliares. Nesta sessão com Cristiana Vieira, curadora do Herbário do Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto, vamos conhecer melhor e explorar estes objetos.
O que é Verdegar? Sabe? Podemos acrescentar que envolve tradição, dança e música da região duriense. Dia 14 de julho, à hora do costume, vamos ver de perto o mais recente espetáculo do Núcleo de Etnografia e Folclore da U.Porto (NEFUP). Chama-se Verdegar e já percorreu muitos auditórios e teatros do norte do país. Regressa agora ao Porto, onde se estreou. O público vai poder participar ativamente a descobrir algumas cenas quotidianas da vida de uma família do Douro Verde na primeira metade do século XX. Como por exemplo? Ficam só alguns aperitivos: o trabalho no campo, a ceia (e a fome…), a oração, as festas e tradições, o namoro, o baile…
Verdegar traz-nos histórias de vida, centradas na década de 1940 do século passado, mas que representam mais de cem anos de vivências e tradições.
Para este espetáculo juntaram-se as duas margens do rio Douro. Ou seja, musicalmente, teremos cancioneiros quase desconhecidos, de Resende ao Marco de Canaveses; na dança, foram incluídos temas que ainda hoje são comuns e outros, que já caíram em desuso; etnograficamente, recorremos a testemunhos pessoais e foi feita uma pesquisa bibliográfica pela obra dos escritores que retratam a região, como Eça ou Alves Redol.
Aviso. É normal que saia do Pátio do Museu a cantarolar: “Em janeiro sobe ao outeiro. Se vires verdegar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar.”
O Rock’n’Roll “lo-fi”, versão remix é a proposta para dia 15 de julho. É a segunda sessão deste ciclo de cinema. Nas fronteiras do glam rock e do proto-punk, o grupo nova iorquino New York Dolls é o alvo do primeiro documentário. All Dolled Up: A new Dolls Story (1972/2005, 1h36), de Bob Gruen, Nadya Beck. O segundo é um excerto do filme The Land Where the Blues Began, realizado pelo etnomusicólogo Alan Lomax. Chama-se Mississippi, Summer’78 (1978, 21 min.)
A proposta para 16 de julho inclui uma performance audiovisual inspirada nos lugares descritos na obra da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen. O projeto chama-se A vivacidade dos instantes e é a proposta de investigação-criação que Frederico Dinis nos vai trazer. Compositor, performer audiovisual e investigador de media tem trabalhos de sonoridades híbridas e que incorporam diferentes influências, texturas e ambientes como eletrónica minimal, padrões evolutivos, field recordings. Ou ritmos fragmentados que vão atingindo padrões evolutivos.
O artista multimédia inspirou-se nos lugares descritos na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, lugares que simbolizam uma espécie de exaltação e de concentração, tornando-se, na sua perspetiva, centros de vida. São lugares e ambientes cuja atmosfera lírica ganha conotações metafóricas e que, agora, com recurso à exploração de aspetos sonoros e visuais e num diálogo entre a literatura e as media arts são enriquecidos, com novas dimensões de interpretação. O conceito, gravação, edição, som, imagem, composição e interpretação são de Frederico Dinis e a produção pertence ao Pensamento Voador – Associação para a Promoção de Ideias
Domingo, 17 de julho. Onde vamos? Ao teatro, claro. Continua o conjunto de performances pensadas e criadas por sócios do TUP – Teatro Universitário do Porto, para nos fazer Despertar. Querem trazer à consciência de todos e fazer emergir no quotidiano, assuntos que consideram ter ficado perdidos no sonambulismo dos últimos dois anos.
Resultado de uma iniciativa conjunta da Casa Comum da U.Porto e do MHNC-UP, as Noites no Pátio do Museu tiveram a sua primeira edição em 2020, durante o pico da pandemia de Covid-19. Uma condicionante que não impediu o sucesso de uma iniciativa – repetida em 2021 – que provou que “A Cultura faz bem à saúde!”. Para este mês de julho, a iniciativa inclui mais de 20 eventos, distribuídos por uma programação recheada de teatro, poesia, ciência, música e cinema.
Resta reforçar que as Noites no Pátio do Museu 2022 têm sempre início às 21h30. A entrada é livre – ainda que limitada à lotação do espaço – e far-se-á pelo Jardim da Cordoaria.