Investigador acredita que o prémio “vai permitir que o sonho de Portugal vir a ser líder mundial nesta tecnologia fotovoltaica seja um pouco mais possível”

Adélio Mendes, professor do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), acaba de ser distinguido com uma Advanced Research Grant no valor de 2 milhões de euros atribuída pelo European Research Council (ERC).

O projeto distinguido consiste na criação e desenvolvimento de uma tecnologia inovadora de produção de energia elétrica através de células fotovoltaicas sensibilizadas com corantes. Mimetizando o funcionamento da clorofila das plantas (pigmentos que permitem a fotossíntese), a tecnologia em causa, conhecida como células sensibilizadas com corante (DSC – Dye-sensitized Solar Cells), utiliza corantes para absorver a luz solar e a transformar em energia elétrica.

A solução tecnológica desenvolvida pela equipa de investigação liderada por Adélio Mendes apresenta-se como uma alternativa mais económica, segura e até estética do que as tradicionais células fotovoltaicas em silício e nas aplicações em edifícios também mais eficientes. O grande objetivo passa por construir módulos fotovoltaicos capazes de funcionar como revestimento de edifícios (semelhante a azulejos) ou até mesmo substituir fachadas, permitindo transformar a luz solar em electricidade baixando significativamente a fatura energética.

Esta tecnologia não tinha, até há pouco tempo, viabilidade comercial. No entanto, e com a colaboração da EFACEC, o investigador da FEUP desenvolveu um processo de selagem das células DCS com pasta de vidro, garantindo assim a estabilidade dos módulos fotovoltaicos a longo prazo. Assim, o financiamento de 2 milhões de euros será utilizado no desenvolvimento científico e tecnológico destas células fotovoltaicas tendo como objetivo final células com pelo menos 13 % de eficiência energética e com estabilidade de 25 anos.

Para além do desenvolvimento da selagem com vidro assistida a laser, serão desenvolvidos substratos transparentes com uma condutividade elétrica muito superior à atual, um contra-elétrodo de carbono nanoestruturado substituindo o atual filme de platina e um foto-elétrodo otimizado para receber um pigmento nanoestruturado de carbono. O desafio passa agora por colocar esta tecnologia no mercado no início de 2014, com a ajuda da EFACEC.

Na opinião de Adélio Mendes, este prémio “vai permitir que o sonho de Portugal vir a ser líder mundial nesta tecnologia fotovoltaica seja um pouco mais possível. Deus já fez o seu trabalho e Portugal é um do países europeus com maior radiação solar”.

Adélio Mendes junta-se a Rui L. Reis (Universidade do Minho), ambos distinguidos com uma Advanced Research Grant, que assim passam a integrar o restrito grupo de 1200 investigadores que em 2012 foram reconhecidos com uma bolsa de investigação do ERC, o que revela a dificuldade de alcançar este feito e a competitividade da excelência destas bolsas.

O Ministério da Educação e Ciência veio já felicitar os investigadores Rui L. Reis e Adélio Mendes, que se juntam agora aos sete investigadores portugueses que este ano foram distinguidos com Bolsas do ERC, referindo mesmo, em comunicado, que a atribuição destes prémios são «uma clara prova da excelência e vitalidade do tecido científico nacional, representado pelas instituições científicas portuguesas, reconhecidas internacionalmente».