Zulmiro de Carvalho inaugurou o novo muro, situado nos Jardins da FBAUP. (Foto: João Lima/FBAUP)

Os Jardins da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) contam, desde o passado dia 28 de novembro, com mais uma criação de um dos mais importantes escultores portugueses contemporâneos. Trata-se de um ‘muro escultórico’ assinado por Zulmiro Cavalho, que se junta assim a Soares dos Reis, Teixeira Lopes, Barata Feyo, Lagoa Henriques ou José Rodrigues, entre os autores representados no “museu ao ar livre” da FBAUP.

Coube ao próprio Zulmiro de Carvalho inaugurar a obra, num momento que foi assinalado com a plantação de um carvalho, em homenagem ao escultor.

“Quero apresentar um agradecimento convicto e sincero ao Mestre Zulmiro de Carvalho, professor dedicado a esta escola, de tão bom exemplo, artista de uma dimensão que não precisa ser referida, e que com a sua bonomia atendeu ao desejo de ter no nosso jardim uma marca sua. (…) O seu muro, o seu carvalho, tornarão prolongada a sua presença e dão ao jardim uma nova ‘obra’”, referiu José Paiva, diretor cessante da FBAUP.

A inauguração do muro serviu, de resto, como “aperitivo” para a cerimónia da “Passagem”, que marcou a apresentação da nova Direção da FBAUP , liderada por Lúcia Almeida Matos.

Antes de passar o testemunho, e em jeito de balanço dos últimos quatro anos, José Paiva realçou que “a escola entende-se hoje melhor, em si, como integrante da Universidade do Porto, e na encruzilhada do mundo contemporâneo. Num movimento inverso, é melhor reconhecida pelo todo e pelas partes da Universidade, onde melhor se evidenciou a importância e a singularidade das ‘Belas Artes’.

Inauguração antecedeu a apresentação da nova equipa diretiva da FBAUP, liderada por Lúcia Almeida Matos. (Foto: João Lima/FBAUP)

Entre as principais conquistas dos últimos anos, o diretor cessante salientou o facto de a faculdade ter hoje um “plano de formação estabilizado, com um mais ponderado leque de oferta de formação graduada, pós-graduada e de formação contínua, fruto de um tempo alargado e participado de discussão”. Uma realidade que não esconde as limitações com que a FBAUP ainda se depara. “A aquisição do terreno vizinho, as obras esperadas de recuperação do pavilhão de Carlos Ramos são urgências inadiáveis que nem o avanço já dado anula nem ilude”, nomeou José Paiva.

Os desafios que se colocam no horizonte da faculdade não foram também esquecidos na intervenção da nova diretora, que, ainda assim, promete enfrentá-los com”otimismo e confiança”. “Conheço bem as enormes dificuldades que temos pela frente. Mas sei que se todos os que me têm felicitado juntarem as ações às suas generosas palavras, sejam antigos colegas, ex-estudantes, membros do Conselho Geral, da Reitoria, colegas das várias Faculdades e, muito especialmente atuais estudantes, colaboradores e colegas da FBAUP, conseguiremos concretizar muito do muito que há para fazer”, referiu Lúcia Almeida Matos.

Sem esquecer os contributos dos diretores que a antecederam e com quem colaborou “em várias capacidades ao longo de mais de trinta anos de serviço na FBAUP”, Lúcia Almeida Matos não escondeu o orgulho por ser a primeira diretora da faculdade.  “Sendo a primeira mulher a assumir este cargo, quero homenagear as primeiras colegas que, em 1977, iniciaram carreira docente na então Escola Superior de Belas Artes, Maria José Aguiar na área das Artes Plásticas e Beatriz Gentil na área do Design de Comunicação. Seguiram-se-lhes outras, muito poucas, mas hoje, basta olhar para esta mesa para verificar que o necessário caminho está a ser percorrido”.

Lançando um olhar sobre o futuro da FBAUP, Lúcia Almeida Matos nomeou como “áreas prioritárias de intervenção” a “reparação, manutenção, e expansão dos espaços e atualização e adequação de equipamentos”, a “valorização das carreiras de docentes e não-docentes”, a “racionalização da oferta letiva”, o “reforço e qualificação da investigação e da internacionalização” e a “promoção concertada da intervenção da FBAUP na sociedade”. E finalizou: É tempo de deixar de olhar as Belas Artes como a cereja em cima do Bolo do conhecimento mas como o fermento que o faz crescer”.

Realizada na Aula Magna da FBAUP, a cerimónia de “Passagem” incluiu ainda uma intervenção do Reitor da U.Porto e a entrega de Prémios de Mérito e Prémios de Aquisição aos melhores estudantes da faculdade.

Sobre Zulmiro de Carvalho

Natural de Valbom, Gondomar, Zulmiro Neves de Carvalho (1940) formou-se em Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto (1963-1968), tendo obtido a classificação de dezanove valores na tese final. No ano seguinte foi convidado para assistente de Escultura da ESBAP, onde lecionou até 1995, ano em que se aposentou como professor Auxiliar. Enquanto escultor, é autor de uma vasta obra, reconhecida e premiada em Portugal e em todo o mundo. Entre as suas criações mais representativas incluem-se a “Escultura” (1986-1987), a escultura comemorativa do 150.º Centenário do Cemitério do Prado do Repouso, no Porto, o “Pórtico do Monte Castro” destinado a Gondomar (1994), ou o “O Arco do Oriente”, inaugurado e 1996. em Macau.