As gónadas (ovas) do ouriço-do-mar são uma iguaria em países como o Japão, França ou Espanha. (Foto: DR)

Sessenta consumidores tiveram recentemente a oportunidade de experimentar pela primeira vez ovas de ouriço-do-mar oriundos das praias Norte e do Carreço em Viana do Castelo. A prova, estruturada por uma equipa pluridisciplinar, com investigadores do GreenUPorto – Centro de investigação em Produção Agroalimentar Sustentável (unidade submetida à FCT no mais recente processo de avaliação) e do CIIMAR – Centro interdisciplinar de investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, coordenada por Luís Cunha (FCUP/GreenUPorto), teve como propósito construir o perfil sensorial e identificar os atributos mais relevantes para a aceitação das ovas de ouriço-do-mar por parte do consumidor.

Organizada em parceria com empresa SenseTest, a iniciativa englobou a avaliação e a análise das características sensoriais – aparência, sabor, textura e aroma –  das gónadas (ovas), as quais são diretamente influenciadas pelo tipo de alimento consumido pelo ouriço-do-mar. Avaliou-se ainda a resposta emocional facial e o impacto do modo de apresentação, tudo isto em complemento a estudo previamente realizado com três Chefs com estrela Michelin.

Os dados recolhidos serão posteriormente utilizados pelo investigador Luís Baião (CIIMAR), no âmbito do seu projeto de doutoramento. O objetivo passa por aprimorar as dietas formuladas (alimento) dos ouriços-do-mar para irem de encontro à produção de ovas que apresentem os mais relevantes atributos sensoriais descritos pelos Chefs e pelos consumidores.

Constituindo apenas uma pequena fração do animal, cerca de 10% da sua biomassa total, as ovas de um ouriço-do-mar são consideradas atualmente um produto gourmet, sendo uma iguaria em países como o Japão, França ou Espanha. Através da produção de ouriços-do-mar em aquacultura e da otimização de dietas apropriadas para esta espécie, é possível garantir um produto final de qualidade regular, não sazonal, e com elevado valor nutricional e potencial económico.

Esta ação decorreu no âmbito do Doutoramento (Programa SANFEED) do investigador Luís Baião, suportado em Bolsa de Doutoramento Empresarial, co-financiada pela FCT e pela SenseTest, o qual surge no seguimento e em articulação com o projeto INNOVMAR (Linha INSEAFOOD) do CIIMAR, liderado por Luísa Valente (ICBAS/CIIMAR) e financiado pelo Norte2020. Pretende-se com esta iniciativa caracterizar a qualidade e valor nutricional das gónadas de ouriços-do-mar presentes no Norte de Portugal e posteriormente desenvolver novas dietas que levem a uma maior performance do seu crescimento, garantindo uma qualidade muito aproximada à dos animais selvagens e conduzindo à diminuição da sobre-exploração dos stocks naturais.