Grande Telescópio do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros da Universidade do Porto

O “novo” telescópio vai ser utilizado em projetos de investigação científica de âmbito internacional por investigadores de todo o país. (Foto: DR)

Depois de décadas de inatividade, o Grande Telescópio do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros da Universidade do Porto, localizado no Monte da Virgem (Vila Nova de Gaia), vai voltar a entrar em funcionamento. Inaugurado no passado sábado, dia 2 de julho, este equipamento único em Portugal e agora recuperado pela U.Porto será utilizado para o ensino e investigação nas áreas da Astronomia e da Astrofísica, mas também como espaço de divulgação científica dirigido a todos os públicos.

Ainda hoje o maior telescópio do país, o Grande Telescópio foi desenhado para funcionar como astrógrafo, possibilitando a obtenção de imagens de campo grande com o objetivo de determinar velocidades radiais de estrelas para estudo da dinâmica da Galáxia. Adquirido nos anos 70 do século passado, acabaria por ficar desatualizado perante as novas tecnologias de observação astronómica e a sua inatividade criou espaço para a sua deterioração.

Envolvendo a Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), responsável pela gestão do Observatório Astronómico, mas também a Reitoria, a Faculdade de Engenharia (FEUP), o INESC TEC e o INEGI, a reabilitação total do equipamento, agora concluída, permitiu colocá-lo em condições de poder ser utilizado em projetos de investigação científica de âmbito internacional por investigadores de todo o país.

Grande Telescópio do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros da Universidade do Porto, inauguração

Para além da utilização em projetos de investigação científica, o “novo” telescópio será também um espaço de divulgação científica destinado a toda a população. (Foto: DR)

Particularmente adequado para levantamentos de grandes áreas do céu, o telescópio pode dar contributos relevantes para estudos de variações de brilho de objetos celestes (estrelas variáveis) e deteção de objetos que se movem contra o fundo de estrelas (lixo espacial, asteróides). Confirmada está já a sua participação, sob a alçada do Ministério da Defesa Nacional, num programa nacional de “Space Surveillance and Tracking” (SST) integrado numa vasta iniciativa europeia que visa seguir o chamado lixo espacial (space debris) em órbita geoestacionária.

A recuperação do Grande Telescópio é apenas o último dos investimentos realizados nos últimos anos na reabilitação dos espaços e equipamentos do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros. Em 2013 foi também inaugurado o renovado Círculo Meridiano de Espelhos, um equipamento destinado à determinação da hora por técnicas astronómicas e totalmente construído no Observatório na década de 50, e que, à época, constituía um dos três únicos equipamentos do género existentes no mundo e um dos dois – juntamente com o de Pulkovo, na ex-URSS – que alguma vez funcionaram.

 Círculo Meridiano de Espelhos

A Inauguração do telescópio sucede à do Círculo Meridiano de Espelhos, equipamento que, em meados do século XX, era um dos únicos nível mundial a ser utilizados para determinar a hora por técnicas astronómicas. (Foto: DR)

O objetivo destas iniciativas é devolver ao Observatório Astronómico, estrategicamente construído na década 40 do século passado no Monte da Virgem, um dos pontos mais altos do Grande Porto, o seu propósito de ensino e investigação nas áreas da Astronomia e da Engenharia Geográfica, mas também transformá-lo num espaço de divulgação científica dirigido a todos os públicos, em particular os mais jovens.

A cerimónia de inauguração do agora restaurado Grande Telescópio do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros da U.Porto contou com a presença da Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo. A sessão contou ainda com a participação de Maria Luísa Bastos, diretora do Observatório Astronómico Prof. Manuel de Barros, Rui Jorge Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, do Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, bem como de vários elementos da equipa reitoral, diretores de faculdades e de centros de investigação da U.Porto.