Projeto prevê a criação de cursos conjuntos, cujo diploma será conferido pelas cinco universidades envolvidas. (Foto: U.Porto)

E se um estudante português pudesse desenvolver todo o seu percurso académico em vários pontos da Europa, com o apoio de docentes e infraestruturas de topo de algumas das melhores universidades do continente? Em parte isso até já é possível, mas, num futuro próximo, poderá sê-lo a uma escala revolucionária, caso a Comissão Europeia aprove o projeto-piloto que a Universidade do Porto está a desenvolver com as congéneres de Lund (Suécia), Ludwig-Maximilian de Munique (Alemanha), Paris-Saclay (França) e Szeged (Hungria), com o objetivo de dar resposta aos desafios da Saúde Global e do Bem-Estar.

Servindo de protótipo ao que se pretende que venham a ser as Universidades Europeias do futuro, o propósito deste consórcio passa por reunir e aproveitar as potencialidades de cada uma das instituições parceiras num modelo de colaboração transnacional. Tudo isto com base numa “estratégia pedagógica inovadora, sustentada na excelência e complementaridade dos parceiros em domínios relacionados com os desafios mundiais da saúde e do bem-estar”, lê-se no documento de apresentação do consórcio, divulgado esta quarta-feira.

Na prática, a “Alliance for Global Health” focar-se-á, numa primeira fase, na promoção da mobilidade de estudantes, docentes e investigadores entre as diferentes universidades envolvidas. Numa fase posterior, estas vão trabalhar na criação de programas de ensino multidisciplinares conjuntos (cujo diploma será conferido pelas cinco universidades), centrados nos domínios da saúde pública, meio ambiente, segurança alimentar, entre entre outras áreas que serão chamadas a dar resposta os grandes desafios da saúde global para o futuro.

A partilha de recursos humanos, ferramentas digitais e de infraestruturas é outra das mais-valias que este “casamento” poderá trazer às cinco universidades, que, em conjunto, albergam mais de 200 mil estudantes. Para a comunidade U.Porto, representa, por exemplo, a oportunidade de aceder a um conjunto de infraestruturas tecnológicas únicas na Europa, incluindo dois aceleradores de partículas instalados nas universidades de Lund e de Paris.

O consórcio inova ainda ao propor um novo modo de “governação partilhada”, no qual “estudantes, académicos e parceiros externos podem cooperar em equipas interdisciplinares”. Os estudantes ocuparão, de resto, um papel central na gestão desta “nova” Universidade Europeia, refletindo a ambição partilhada pelas cinco universidades de “formar as futuras gerações de cidadãos europeus em questões e profissões ligadas aos desafios mencionados, mas também capazes de se adaptarem a um ambiente globalizado e em mudança”.

Através deste consórcio, a U.Porto e as quatro universidades parceiras dão então resposta ao desafio lançado pela Comissão Europeia através da European Universities Iniciative, uma iniciativa que tem como objetivo testar diferentes modelos de cooperação no ensino superior europeu, através do estabelecimento de alianças transnacionais.  Numa primeira fase serão selecionados seis projetos, aos quais será atribuído um financiamento total de 30 milhões de euros.

Sobre as entidades parceiras 

O consórcio “Alliance for Global Health” é liderado pela recém-criada Universidade Paris-Saclay, em França, um centro de investigação  de classe mundial nas áreas das Ciências e Tecnologia e que tem como ambição  afirmar-se entre as 10 melhores universidades a nível mundial. A esta juntam-se, para além da U.Porto, mais três research universities com  trabalho reconhecido no ensino e investigação na área das Ciências da Vida: a LMU Munich (terceira maior universidade da Alemanha e 32.ª classificada na última edição do prestigiado THE World University Rankings); a Universidade de Lund (terceira melhor universidade da Suécia e 98.ª no ranking THE); e a Universidade de Szeged, na Hungria (601-800 do mundo no mesmo ranking).