Mais de 100 pessoas marcaram presença na primeira edição do evento organizado pela U.Porto Inovação. (Foto: João Pedreda)

Foram mais de 100 as pessoas que passaram pelo Hard Club no passado dia 27 de novembro, para participar na primeira edição do U.Porto Entreprenow. Tendo como mote “Learn. Connect. Grow”, o evento organizado pela Universidade do Porto deu aos participantes a oportunidade de conhecer melhor o ecossistema inovador da zona do Porto, discutir o empreendedorismo em Portugal e promover networking entre empresários e jovens empreendedores da região.

É de opinião geral, manifestada em todos os painéis do Entreprenow, que Portugal é um país empreendedor. O investimento tem vindo a aumentar, os apoios dados a startups também, mas existem ainda algumas dificuldades que é urgente resolver. Nessa ótica de conhecer a realidade do ecossistema empreendedor, durante a manhã foram apresentados os primeiros resultados do Observatório do Empreendedorismo.

O estudo, que pretende caracterizar as universidades de Aveiro, Minho e Porto no que diz respeito a apoios e iniciativas empreendedoras, revelou, entre outras coisas, que o maior constrangimento ao empreendedorismo é, de longe, a falta de financiamento, seguido de procedimentos administrativos morosos, falta de experiência e elevada carga fiscal.

Apesar dos mais de 100 milhões de euros investidos em startups portuguesas entre 2012 e 2017 (segundo dados do relatório Scaleup Portugal 2018), a realidade nacional ainda está longe de competir com outras: “Em Londres fazem isso em duas semanas”, referiu Inês Santos Silva, ativista da Portuguese Women in Tech e moderadora o painel “A evolução do ecossistema empreendedor no Porto”.

Para ajudar os empreendedores a fazer face a essa realidade muitas vezes tão conturbada, o Entreprenow convidou Ken Singer (diretor do Sutardja CET, da Universidade de Berkeley) e Josemaria Siota (diretor de investigação na IESE Business School Barcelona) que falaram sobre o financiamento dado a startups nos Estados Unidos e na Europa, respetivamente, dando dicas preciosas à plateia sobre como ultrapassar obstáculos.

Ken Singer, diretor do Sutardja CET, da Universidade de Berkeley, aconselhou as startups a “falar e ouvir” o máximo de pessoas possível. (Foto: João Pedreda)

Ken Singer, por exemplo, referiu a importância de “falar e ouvir” o máximo de pessoas possível, mas sempre sem qualquer tipo de imposição: “Não ignorem os conselhos de quem sabe. Esta é uma jornada vossa, mas é preciso que ouçam muita gente enquanto ela acontece, para aprenderem”. Já Josemaria Siota referiu que a “corporate venture é uma realidade atual”, que está a acontecer, e as startups que entenderem melhor os seus mecanismos são as que vão tirar melhor proveito disso.

Houve ainda lugar, como é habitual quando se reúnem empresários e académicos, para falar sobre o papel ativo das universidades neste ecossistema empreendedor. Rui Santos Couto, da Founders Founders, realçou a diferença abismal entre a linguagem falada pelos investigadores versus a que é falada pelas empresas, sendo urgente aproximar os dois mundos: “A Universidade tem um papel fundamental nessa aproximação”, referiu. Uma opinião reforçada por Rui Costa, CTO da Veniam, que referiu a possibilidade de “empresas e universidades trabalharem cada vez mais juntos, para melhores resultados”. Já Clara Gonçalves, diretora do UPTEC, lamentou a falta de tempo que os estudantes têm, atualmente, para serem empreendedores, principalmente depois da reforma de Bolonha.

O Entreprenow foi também palco para o 4.º encontro de empresas spin-off U.Porto, o The Circle, que ficou a conhecer as novas parcerias, nomeadamente com a Porto Business School, pensadas para trazer benefícios a este grupo de empresas nascidas no seio da Universidade. Rui Costa, CTO da Veniam, e Veronica Orvalho, CEO da Didimo, participaram também no último painel do dia, moderado por Rita Marques, da Portugal Ventures. No final, a especialista em capital de risco perguntou ao painel qual o principal conselho que dariam aos empreendedores. Veronica Orvalho referiu a importância de “dar primeiro, ouvir primeiro, para depois se poder receber”. Sendo também docente na Universidade do Porto, a CEO da Didimo considera fundamental motivar constantemente os empreendedores para que saibam sempre “o que estão a fazer aqui, aproveitando as oportunidades”.

Com regresso marcado para 2019, o U.Porto Entreprenow foi  organizado pela U.Porto Inovação, com o apoio do Santander Universidades.