A investigadora Paula Tamagnini ladeada pelas estudantes de doutoramento Valentina e Jelena. (Foto: i3S)

Quatro dos 12 estudantes selecionados para frequentar o programa doutoral europeu PhotoBioCat (Light-driven sustainable Biocatalysis Training Network) estão/ou vão fazer investigação no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), mais propriamente no grupo de investigação «Bioengineering & Synthetic Microbiology». Objetivo do programa: produzir produtos químicos para as indústrias farmacêutica e química de uma forma mais sustentável e formar jovens investigadores de topo, dotando-os de competências transversais.

«Trata-se de um programa doutoral europeu de elite, muito exigente, que abrange as áreas da Biologia, Química e Engenharia. Tivemos mais de 100 candidatos e só foram selecionados 12», explica Paula Tamagnini, investigadora do i3S e docente da Faculdade de Ciências da U.Porto, que elaborou a candidatura em nome da Universidade (os estudantes estão inscritos no Programa Doutoral em Biologia da FCUP) e está a receber os estudantes no seu laboratório.

Este projeto resulta de uma colaboração de sete grupos de investigação de sete universidades diferentes (Holanda, Alemanha, França, Dinamarca, Portugal e duas da Áustria) e é financiado pelo Horizonte 2020, no âmbito do programa da União Europeia Marie Sklodowska-Curie Actions: Innovative Training Networks.

«Para a Universidade do Porto integrar este projeto e receber quatro alunos representa uma internacionalização com muita visibilidade e, o facto de trabalharmos em rede, permite-nos chegar muito mais longe em termos dos resultados da investigação», acrescenta Paula Tamagnini.

Esta formação visa dotar os jovens investigadores de competências científicas e transversais por forma a responder às necessidades do mercado de trabalho académico e da indústria, razão pela qual, os alunos passam também por empresas durante a sua formação de três anos. O programa começou em janeiro de 2018 e vai prolongar-se até 2021. No Porto vão ficar sediados dois estudantes  de doutoramento (da Sérvia e de Itália) que farão também seis a nove meses num laboratório estrangeiro e três meses numa empresa associada ao projeto. O i3S irá receber também dois estudantes (da Croácia e de Itália) por um período mais curto, de seis a nove meses.

Jelena é da Sérvia e Valentina da Croácia. São ambas formadas em Biologia Molecular. Ficaram amigas há quatro anos, quando se conheceram na Índia e estão agora a viver juntas no Porto. Valentina começou o projeto na Áustria e vai ficar no Porto dois semestres, depois volta a partir. Já Jelena ficará mais tempo pela Invicta. Só mais tarde irá para a Áustria, durante nove meses, e depois mais três meses para uma indústria na Alemanha. Por enquanto vai aprendendo a falar português, que já sabe usar quando vai às compras.

Jelena escolheu o projeto, mas também escolheu a cidade: «Sempre quis viver num País que gostasse e em que o tempo fosse bom e as pessoas simpáticas. Estou a gostar muito. As pessoas recebem-nos muito bem e as avós parece que são avós de toda a gente». Valentine ri-se e concorda. Logo a seguir acrescenta: «E as frutas sabem mesmo a fruta».

Em termos de projeto científico, Jelena explica que «já tinha trabalhado em bactérias e em solos» e que o projeto que escolheu para desenvolver com a investigadora Paula Tamagnini «é muito interessante». Na Áustria, adianta Valentina, «estou a trabalhar principalmente na área da química. Aqui no Porto estou numa área diferente, mas no fundo estou a aplicar coisas que já estudei e com as quais trabalhei».

Este programa doutoral, sublinham Jelena e Valentina, «tem uma componente científica muito boa, mas também desenvolve soft skills, tem muito trabalho de networking com outros laboratórios e permite-nos trabalhar com pessoas de muitas áreas diferentes».