A equipa do i3s responsável pelo projeto “MyRNA Diagnostics”, que conquistou o primeiro prémio do BfK IDEAS 2017.

A Universidade do Porto conquistou os dois primeiros prémios do BfK IDEAS 2017, o concurso de ideias de negócio promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, através da Agência Nacional de Inovação, para distinguir o que de melhor se faz em Portugal na valorização do conhecimento científico e tecnológico.

O primeiro prémio coube ao projeto MyRNA Diagnostics, um inovador kit para diagnosticar e melhorar a monotorização da depressão através de uma análise ao sangue. O kit está a ser desenvolvido por uma equipa do i3S, constituída por três investigadoras (Maria Inês Almeida, Susana Santos e Inês Alencastre) e dois elementos da Unidade de Transferência de Tecnologia do Instituto (Sofia Esteves e Bárbara Macedo) e resultou de uma colaboração entre o i3S e uma equipa de médicos psiquiatras da FMUP.

O diagnóstico da depressão é atualmente baseado em entrevistas clínicas e não existem testes complementares de diagnóstico, que possam ser aplicados como rotina na clínica. A equipa apresentou uma ideia de negócio baseada num kit de rápido diagnóstico que tem sido desenvolvida no âmbito de uma colaboração entre o grupo Microenvironments for New Therapies do i3S-INEB, liderado por Mário Barbosa, e uma equipa de médicos psiquiatras da FMUP, liderada por Rui Coelho. Este projeto é financiado pelo programa NORTE2020 e conta com a colaboração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

“O diagnóstico da depressão é atualmente baseado em entrevistas clínicas. Os prestadores de cuidados de saúde mental sentem necessidade de utilização de métodos sensíveis e específicos para melhorar a percentagem de doentes com depressão (mais de 300 milhões em todo o mundo) que recebem tratamento eficaz (<50%)”, sublinha Inês Almeida, uma das investigadoras que integra a equipa do i3S.

O projeto MyRNA Diagnostics, adianta Susana Santos, outra das investigadoras do i3S, “deteta e quantifica um painel específico de biomarcadores moleculares numa amostra de sangue, o que permite um diagnóstico quantitativo e uma melhor monotorização da doença”.

“Os resultados do nosso produto são analisados por um algoritmo e serão fornecidos dentro de 24 a 48 horas após a colheita de sangue. A solução permite aos clínicos basear a suas decisões terapêuticas num teste biológico quantificável, diminuindo a prescrição excessiva, melhorando a precisão do diagnóstico e permitindo a monitorização da doença durante a terapêutica”, explica Inês Alencastre.

Para a equipa MyRNA Diagnostics, o facto de terem sido distinguidos com o primeiro prémio do BfK IDEAS 2017 significa um apoio crucial nesta fase do processo para fazer chegar este produto até ao mercado e até aos que mais precisam, que são os pacientes.

“Este prémio é um incentivo para continuarmos a trabalhar nesta ideia com toda a convicção de que faremos a diferença para os clínicos e para os doentes que sofrem de depressão”, resume Bárbara Macedo. Além disso, continua Sofia Esteves, “o primeiro prémio, para além de ser uma honra e uma excelente motivação para continuar, permitirá sem dúvida o arranque do projeto através dos serviços especializados de consultoria e propriedade intelectual”.

Francisco Galindo Rosales, co-criador do projeto “rhelNforce – Optimal Performance”, segundo classificado do concurso.

O segundo prémio do BfK IDEAS 2017 foi atribuído a um outro projeto da Universidade do Porto, o “rhelNforce – Optimal Performance”, desenvolvido na Faculdade de Engenharia (FEUP) pelos investigadores Francisco Galindo Rosales e Laura Campo Deaño.

Explicado de forma simples, este projeto é uma tecnologia que “permite modificar as propriedades amortecedoras de diferentes materiais (cortiça, silicone, etc.) mediante a adição de um fluido complexo”, explica Francisco Galindo Rosales. Estes fluidos são depois incorporados numa rede de canais muito pequenos (uma das suas dimensões é inferior a 1mm) e o compósito resultante garante “propriedades amortecedoras personalizadas e otimizadas para a situação em questão, seja ela um impacto súbito, situações de vibração ou de ruído”, acrescenta o investigador.

Para a equipa da Faculdade de Engenharia da U.Porto ter chegado à final do concurso já foi uma vitória. “Entendemos esta distinção como um sinal para avançar com ainda mais força no percurso até à consolidação desta ideia de negócio”, conclui Francisco Galindo Rosales.

Francisco Galindo Rosales conta que o principal objetivo agora é “aproveitar ao máximo o programa de aceleração” para que seja possível, nos próximos meses, consolidar a empresa formada pelos investigadores.

O programa de aceleração em ciência e tecnologia é um dos benefícios que os três primeiros classificados do concurso recebem, para além de um serviço de diagnóstico de Propriedade Industrial ao projeto, realizado com o apoio da Patentree – Intellectual Property . O primeiro classificado tem ainda acesso a serviços de consultoria especializada e depósito de um pedido provisório de patente nacional.