Estima-se que cerca de 700 mil portugueses sofram de asma brônquica, patologia que está também no top das doenças crónicas mais frequentes nas crianças. (Foto: DR)

A MEDIDA, uma spin-off do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, sediado na Universidade do Porto, está a coordenar um projeto-piloto inovador na área da asma que envolve alergologistas, pneumologistas e pediatras de duas dezenas de hospitais portugueses.

O objetivo do projeto INSPIRERS é conhecer melhor a problemática da adesão à terapêutica inalada da asma em crianças e adultos e desenvolver uma aplicação móvel capaz de melhorar essa adesão.

Calcula-se que, em Portugal, mais de 50% dos doentes com asma não cumpram a medicação prescrita pelo médico. Estes números resultam, porém, de extrapolações de estudos feitos em outros países, acreditando-se que a realidade portuguesa seja ainda mais preocupante.

“Muitas pessoas com asma fazem a medicação apenas quando têm sintomas, que são bastante flutuantes, em vez de cumprirem o plano terapêutico acordado com o médico especialista. A falta de adesão à terapêutica da asma é um grande problema porque aumenta o risco de agudizações e de hospitalizações, assim como faz crescer os custos com a doença”, explica João Fonseca, coordenador do projeto INSPIRERS.

Segundo o investigador do CINTESIS e médico imunoalergologista, outro objetivo do projeto é testar a utilização de uma nova aplicação móvel (disponível para iOS e Android) junto de doentes com asma seguidos nos diversos hospitais participantes.

Nessa fase, que deverá arrancar já no verão de 2017, os doentes que fizerem parte do projeto terão acesso exclusivo à aplicação e poderão contribuir para a sua versão final, que deverá ficar disponível, de forma inteiramente gratuita, no final de 2018.

A aplicação, atualmente em desenvolvimento, pretende ser completamente inovadora, juntando gamification, social media e computer vision. Para ganharem pontos, os utilizadores deverão aderir à terapêutica, algo que é verificado através de fotografias tiradas ao contador de doses do inalador da asma. A partir da imagem e da informação previamente disponibilizada, a app consegue calcular o número de doses que deveriam ter sido usadas e detetar eventuais falhas na terapêutica inalada.

A app do INSPIRER deverá funcionar também como uma rede social em que as pessoas deverão ajudar-se umas às outras, no sentido de uma melhor adesão à medicação e de um melhor controlo da asma a nível global.

Inicialmente, todos os utilizadores assumem o papel de “warriors” (guerreiros) na luta contra a asma, mas, à medida que vão demonstrando uma boa adesão à terapêutica, tornam-se “inspirers” (inspiradores) e podem influenciar positivamente outros “guerreiros”, designadamente com lembretes ou alertas. A melhor equipa será aquela que, no seu conjunto, atingir um melhor controlo da doença.

Os resultados do projeto INSPIRERS, que tem o apoio do CINTESIS e da Mundipharma, deverão ser divulgados no final do próximo ano.