Uma parceria entre a Sociedade Portuguesa de Senologia (SPS) e a VirtualCare – Systems for Life, spin-off da Universidade do Porto nascida no CINTESIS, vai permitir equipar 20 Centros de Mama de hospitais portugueses com um registo clínico eletrónico inovador. Outros hospitais, públicos e privados, poderão vir, entretanto, a aderir a esta iniciativa.

Segundo o CEO da VirtualCare, Tiago Costa, o BreastSPS permitirá recolher e agregar, num único local, toda a informação relativa aos doentes seguidos nos Centros de Mama, de “uma forma organizada, codificada e estruturada”. Até aqui, esta informação não existia ou estava dispersa por diferentes sistemas e aplicações.

Ao agregar toda a informação existente num mesmo local, este novo software dará suporte às atividades clínicas da patologia mamária, possibilitando um melhor acompanhamento dos doentes. Do registo fará parte informação como sintomas, morfologia, local da lesão, resultados de exames complementares, dados das consultas de grupo e decisão terapêutica.

O acordo foi assinado no passado dia 12 de outubro, em Coimbra, durante o X Congresso Nacional de Senologia. De acordo com Tiago Costa, a instalação da aplicação em duas dezenas de Centros de Mama do país “deverá ter vantagens óbvias na vertente clínica, mas também na vertente de gestão e de investigação”.

“O BreastSPS cria as condições para uma melhor prestação de cuidados aos doentes com cancro da mama, bem como para uma efetiva comparação entre os vários Centros de Mama nacionais e para o desenvolvimento de mais e melhor investigação”, aponta o responsável.

Como explica Eliana Sousa, que integra a equipa da VirtualCare, a aplicação terá impacto no dia a dia dos profissionais, na medida em que indica todos os passos e procedimentos necessários, permitindo seguir standards, guidelines e protocolos específicos desta área.

Como pode ser acedida por todos os utilizadores registados a partir de qualquer computador da rede, possibilita também uma melhor interação entre os vários especialistas, nomeadamente cirurgiões, oncologistas, anatomopatologistas, radiologistas, radioterapeutas, enfermeiros, psiquiatras, psicólogos, entre outros.

“Ao usarem a aplicação, os especialistas conseguem ter uma visão geral do percurso do doente, que pode abarcar vários anos de seguimento”, explica.

Além disso, a aplicação produz alguns alertas (por exemplo, quando o doente é referenciado para consulta de Genética ou quando integra um ensaio clínico) e dá apoio a nível da gestão e organização dos serviços.

Para Eliana Sousa, outra das vantagens é a categorização da informação disponível, o que permite gerar indicadores úteis para efeitos de certificação das Unidades, de acordo com os requisitos do Eusoma – European Society of Breast Cancer Specialists.

Desta forma, acredita-se que será possível melhorar a adesão às Boas Práticas, e uniformizar os processos, o que resultará numa maior qualidade e equidade no tratamento dos doentes com cancro da mama em todos os hospitais e instituições de saúde do país.

Esta versão foi especialmente desenvolvida para a SPS, sendo sucedânea do BreastCare, adotado já no Hospital de São João, no Porto, em 2007, e na Fundação Champalimaud, em Lisboa, desde 2013, com excelentes resultados.