Um estudo realizado por investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUNit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) revela que a prevalência da síndrome metabólica em Portugal Continental afeta entre 36.5% e 49.6% dos portugueses, em função da definição usada.

A investigação, publicada na revista “BMC Public Health, foi desenvolvida no âmbito do projeto PORMETS – um estudo transversal nacional levado a cabo entre fevereiro de 2007 e julho de 2009 – com o objetivo de determinar a prevalência da síndrome metabólica e as suas determinantes em Portugal Continental e nas suas regiões administrativas.

A síndrome metabólica caracteriza-se por um conjunto de fatores clínicos e metabólicos (disglicemia, pressão arterial elevada, obesidade abdominal e níveis séricos de triglicéridos e HDL respetivamente elevados e diminuídos) que, associados entre si, conferem um risco acrescido de desenvolver doença cardiovascular e diabetes mellitus tipo 2.

Luís Raposo, investigador da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, é o primeiro autor do estudo designado “The prevalence of the metabolic syndrome in Portugal: the PORMETS study”. (Imagem: Todos os Direitos Reservados)

Para conduzir o estudo, os investigadores utilizaram uma amostra de 4.004 participantes (2.309 do sexo feminino e 1.695 do sexo masculino), selecionados aleatoriamente nos centros de saúde dos 18 distritos de Portugal Continental. Aos participantes foi aplicado um questionário com vista a recolher informação sobre a história clínica e várias variáveis sociodemográficas e comportamentais. Foi ainda realizado uma avaliação antropométrica (peso, altura, perímetro da cintura e da anca) e da pressão arterial e efetuada uma colheita de sangue para análise de vários parâmetros (colesterol, triglicerídeos, HDL, glicose, hs-PCR e insulina).

Os resultados mostram que os indivíduos residentes nos distritos de Vila Real e Leiria apresentam maior prevalência de síndrome metabólica, ao passo que os de Bragança e Beja registam valores mais baixos em comparação com a média nacional. De sublinhar ainda que se verificou uma maior prevalência da síndrome nos participantes que residiam em áreas não urbanas.

As conclusões mostram ainda que “existe uma maior prevalência da síndrome no sexo feminino, nos idosos e nos participantes classificados em relação à sua ocupação como ‘domésticas’, ‘reformados’ e ‘desempregados’” e que em contrapartida se constatou uma menor prevalência nos participantes que referiram realizar exercício físico regular”, refere Luís Raposo, primeiro autor do estudo, coordenado pela investigadora Ana Cristina Santos.

“Este estudo vem confirmar a elevada prevalência da síndrome metabólica em Portugal. A elevada prevalência nacional de obesidade, hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2 contribuem para a dimensão deste grave problema de saúde pública”, acrescenta o investigador. “O envelhecimento e a tendência para o aumento da frequência de obesidade na nossa população poderão vir a contribuir para um agravamento futuro do problema. Pensamos que o combate à obesidade e ao sedentarismo deve ser uma prioridade”, remata.

O estudo designado “The prevalence of the metabolic syndrome in Portugal: the PORMETS study”, é também assinado por Milton Severo e Henrique Barros, e pode ser consultado neste link.