Estudo experimental envolveu 160 participantes (80 homens e 80 mulheres) sem problemas sexuais. (Foto:GoogleImages)

Poderá a disfunção erétil ser, muitas vezes, um problema de… cabeça? Foi esse o ponto de partida para um estudo inovador realizado pelo Laboratório de Investigação em Sexualidade Humana (SexLab), da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação do Porto (FPCEUP), cujos resultados demonstraram a importância dos fatores psicológicos na resposta sexual.

A amostra do estudo do SexLab foi constituída por 160 homens e mulheres com idades entre os 18 e os 50 anos, sem disfunção sexual, que estivessem numa relação heterossexual há seis meses ou mais, sem psicopatologia e problemas de saúde ou toma de medicação que interfiram com a resposta sexual.

No sentido de encontrar respostas sobre a patologia, a proposta feita aos participantes do estudo estudo era simples: observar dois filmes de conteúdo sexual, enquanto a sua resposta sexual era medida em tempo real (através de avaliação da circunferência do pénis, no caso do homem, e da vasocongestão vagina, no caso da mulher). No final de cada filme foi aplicado um questionário sobre o grau de excitação sexual sentido e sobre os pensamentos e emoções experienciados.

De forma perceber o impacto de uma situação negativa na resposta sexual, uma parte da amostra, escolhida ao acaso, recebeu, a meio da experiência, um feedback negativo falso sobre o desempenho no primeiro filme, recebendo a informação de que a resposta sexual tinha sido mais baixa do que o esperado.

Em declaração à Lusa, Pedro Nobre, coordenador do SexLab, explicou que “esta informação falsa visava criar uma situação em laboratório que recriasse uma potencial situação de fracasso sexual ocasional na vida real”, com efeito no desempenho sexual posterior (neste caso, na exibição de um segundo filme). O processo visava, também, “perceber se a forma como as pessoas lidavam com a informação negativa sobre o seu suposto fracasso na resposta sexual e os pensamentos e emoções que tinham durante o segundo filme explicavam ou não a sua resposta sexual genital e subjetiva”.

“Este estudo pode ter implicações muito importantes no desenvolvimento e aperfeiçoamento de tratamentos psicológicos mais eficazes para as dificuldades sexuais e ajudar a desvendar os mecanismos de mudança terapêutica, permitindo um melhor conhecimento dos processos envolvidos no sucesso terapêutico”, acrescenta o coordenador do laboratório.

Novo estudo sobre disfunção erétil

Na sequência destes resultados, a equipa do SexLab – o primeiro laboratório do país a conduzir de forma regular estudos de natureza experimental e psicofisiológica em sexologia – está a desenvolver uma investigação, a decorrer no Porto e em Lisboa, que compara o efeito da medicação com a terapia cognitivo-comportamental no tratamento da disfunção erétil.

O SexLab garante a total confidencialidade dos indivíduos que participaram no estudo e oferece tratamento psicológico ou farmacológico gratuito durante um período de três meses, sendo avaliados no início, durante e no final da intervenção.