Mais de 700 reitores participaram no IV Encontro de Reitores Universia que decorreu em Salamanca, nos dias 21 e 22 de maio.

O Reitor da Universidade do Porto apresentou-se no IV Encontro de Reitores Universia, que se realizou em Salamanca (Espanha), nos dias 21 e 22 de maio, com uma reflexão sobre o futuro do ensino universitário, tendo em conta as profundas transformações sociais e tecnológicas que a próxima vaga da revolução digital irá trazer ao quotidiano das sociedades ocidentais.

Naquela que foi considerada uma das “intervenções mais originais do encontro, Sebastião Feyo de Azevedo anteviu como será “Um dia na vida de um estudante em 2030”, com recurso a vários exemplos e cenários futuros para ilustrar a questão da capacitação dos professores e da adaptação das Universidades. O trabalho, desenvolvido em conjunto com o Vice-Reitor José Martins Ferreira, assume a máxima de Peter Drucker, segundo o qual “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo” e, por isso, tratam de apresentar o que esperam desse futuro. Para os autores, a oferta formativa terá de ser necessariamente dual, com integração das modalidades on-campusonline.

Partindo de uma visão do que poderá ser a experiência de aprendizagem em 2030, os autores descreveram um cenário futuro com completa integração plena da tecnologia no quotidiano de estudantes, nomeadamente os assistentes digitais por voz, a realidade aumentada ou a inteligência artificial. Contudo, não consideram a ideia uma “utopia”, nem tão pouco uma “distopia”.

O leitor poderá já ter reparado em vários exemplos que o anunciam, como é o caso do assistente digital desenvolvido na Universidade de Deakin na Austrália, o uso da plataforma Watson para tutoria online, sem que os estudantes consigam perceber que o seu tutor não é humano, ou mesmo nas previsões que já dão os telemóveis por “mortos” no futuro a curto prazo”, explicam os autores no seu artigo.

A abertura oficial Encontro de Reitores de Salamanca contou com as intervenções do Rei de Espanha e do Presidente da República Portuguesa.

Os autores concordam com Noam Chomsky e Sugata Mitra que, na World Innovation Summit for Education, apresentaram um futuro em que, em vez de os estudantes estarem num local a receber conhecimentos teóricos, estão inseridos num ecossistema social em que interagem com pares e ferramentas para se prepararem para a vida profissional.

Será então este o futuro das instituições de ensino superior? Sebastião Feyo de Azevedo e José Martins Ferreira acreditam que os principais obstáculos passam pela “falta de integração entre as soluções já existentes, à qual se acresce a inércia com que a comunidade universitária (incluindo os estudantes) se opõe a esta mudança já anunciada”.

No entanto, apesar da sofisticação da tecnologia e das reformas pedagógicas previstas, há alguns receios. Os autores abordam o eventual impacto negativo da tecnologia no espírito crítico dos estudantes; a existência e o papel dos professores; os métodos de avaliação e ética académica; e o modelo tradicional da organização das Universidades, ao nível arquitetónico.