Ao longo dos últimos dois anos, o projeto SPILLESS desenvolveu uma abordagem integrada para combate a derrames de petróleo que utiliza microrganismos nativos com capacidade de biorremediação incorporados em veículos autónomos não tripulados. (Foto: DR)

Decorreu na última semana semana o workshop final do Projeto SPILLESS – First-line response to oil spills based on native microorganism cooperation, coordenado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP), e que integra instituições de investigação, nomeadamente o INESC TEC e a Universidade de Vigo, e empresas (ACSM, Biotrend e MARLO), de três países (Portugal, Espanha e Noruega).

Desde o início, que o  SPILLESS suscitou interesse do público em geral, quando surgiu como uma proposta inovadora para desenvolver uma solução integrada e amiga do ambiente, passível de ser aplicada em resposta a derrames de petróleo associados a acidentes com navios, plataformas offshore de petróleo, portos ou outros complexos industriais.  Ao longo dos últimos dois anos, o projeto desenvolveu uma abordagem integrada que utiliza microrganismos nativos com capacidade para biodegradar petróleo (biorremediação) e que, incorporados em veículos autónomos não tripulados, representam uma nova tecnologia de combate rápida e eficaz.

Os consórcios microbianos foram aplicados em veículos autónomos não tripulados de vários tipos: aéreo, superficial e submarino. (Foto: DR)

O workshop final, que decorreu no dia 27 de março no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, teve como principal objetivo apresentar e consolidar os principais resultados do projeto.

O SPILLESS permitiu isolar mais de 800 estirpes bacterianas com capacidade de degradar petróleo, obtidas a partir de amostras de água do mar colhidas ao longo da costa norte de Portugal e Galiza. Essas bactérias foram criopreservadas numa biblioteca georreferenciada de consórcios microbianos, para uso futuro em áreas geográficas específicas. Parte delas foi ainda  utilizada para otimizar as condições de produção de biomassa, levando à formulação de um produto microbiano liofilizado para aplicação em cenários de derrames de petróleo.

O projeto  SpilLess, que junta microrganismos marinhos nativos e  robôs autónomos para combater os derramamentos de petróleo, despediu-se com um workshop final.

Complementarmente, foram também desenvolvidos sistemas de libertação autónoma para três tipos diferentes de veículos não tripulados (aéreos, de superfície e submarinos), de forma a permitir a aplicação dos consórcios microbianos de forma precisa nas zonas afetadas pelos derrames. A eficiência destes sistemas autónomos na resposta a derrames de petróleo foi demonstrada recentemente através de quatro exercícios de simulação em ambiente real que decorreram em Portugal e na Espanha.

“No seu conjunto, o projeto SPILLESS demonstrou que a integração de agentes nativos de biorremediação com veículos autónomos é uma abordagem eficiente para ajudar a combater derrames de petróleo, com alto potencial para ser implementado em portos marítimos, plataformas offshore de petróleo e outros complexos industriais”, refere Ana Paula Mucha, líder do projeto e investigadora no CIIMAR.

O projeto SPILLESS foi premiado em Vigo em outubro de 2018, com o Atlantic Project Award 2018 na categoria de promoção do empreendedorismo e inovação. Com a duração de 24 meses, esta iniciativa foi financiada pela União Europeia, através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP).