Fernando Nunes Ferreira é docente catedrático aposentado da FEUP (Foto: Câmara Municipal da Murtosa)

Se lhe dissermos que um docente catedrático aposentado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), depois de mais de 40 anos dedicados ao ensino e à investigação, é agora um prestigiado artesão de madeira torneada na localidade da Murtosa, acredita? Esta história não é ficção e o docente em questão é Fernando Nunes Ferreira.

A verdade é que o gosto pelas artes manuais esteve desde sempre presente: em pequeno, Fernando Nunes Ferreira vivia numa vila rodeada por artesãos e muitas vezes entregava um pedaço de laranjeira a um vizinho para que este lhe fizesse um peão. No entanto, o gosto por trabalhos manuais foi deixado para segundo em detrimento de uma vida dedicada à Universidade e à FEUP,  da qual foi subdiretor (na primeira década de 2000)  e onde dirigiu o Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, durante a década de 90.

Foi já quando chegou  o momento de aposentação que Fernando Nunes Ferreira encontrou nos trabalhos decorativos em madeira uma forma de se manter ativo e de continuar uma atividade estimulante.  “É fundamental prepararmos a reforma e termos pelo menos uma nova atividade”, refere.

Apesar de desde cedo revelar interesse por “criar coisas”, este autodidata aprendeu tudo após se reformar, fazendo várias experiências, investigações e muito graças às centenas de vídeos tutoriais disponíveis online. Foi, inclusive, através da internet que comprou o seu torno, posteriormente modificado para poder trabalhar peças maiores,  e é por esse canal que faz a maior parte das encomendas das ferramentas e materiais como lixas, óleos, ceras e equipamentos de afiar.

É na Murtosa, localidade de onde é natural, que Fernando Nunes Ferreira desenvolve a sua atividade de artesão, que começa já a ser reconhecida: afinal, desde o passado dia 14 de janeiro e até ao final do mês de fevereiro, é possível admirar algumas das peças criadas pelo antigo docente da FEUP no Museu COMUR. “Gosto de explorar os aspetos mais anormais da madeira. Em vez de os disfarçar tento até realça-los”, sorri aquele que foi também o primeiro provedor do Estudante da U.Porto, cargo que exerceu entre 2010 e 2016.

A entrada no museu COMUR é gratuita, sendo possível visitá-lo todos os dias (exceto às segundas feiras), das 9h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00.