Apaixonada pelo “poder da palavra”, Luísa Pimenta teve um percurso poético até chegar à Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), onde frequenta, desde 2016, a Licenciatura de Estudos Portugueses: “desde o desenho das primeiras letras à tentativa compreensão da épica de Camões ou da sintaxe latina, passando pelo labirinto das ciências, do teatro e da poesia dos livros e dos dias”, explica a estudante. No final do primeiro ano, conseguiu uma média de 18,27 valores, mas nada que se compare ao reconhecimento do Prémio Incentivo 2018: “a atribuição do prémio transcende largamente a materialização do trabalho desenvolvido numa média numérica elevada”.

– O que te levou a escolher a U.Porto?

A escolha da U.Porto resultou de critérios de natureza pessoal e académica. Tendo nascido e crescido no Porto, a ligação emocional à cidade e a proximidade de casa constituíram fatores preponderantes. O reconhecimento nacional e internacional da qualidade de ensino da instituição, bem como a adaptação da oferta formativa à área de interesse que procurava aprofundar, contribuíram também para a consolidação de uma opção que se revelou acertada.

– O que gostaste mais e menos neste primeiro ano na Universidade?

Um dos desafios mais gratificantes deste primeiro ano foi, indubitavelmente, o elemento humano. A entrada no ensino superior implicou uma profunda adaptação em termos de sociabilidade, já que a convivência interpessoal se processa a um ritmo muito mais rápido e exigente do que no conforto relativo do dia-a-dia no secundário. Não obstante, tive o privilégio de encontrar colegas excecionalmente interessantes e interessados, que, na partilha desta experiência tão diferente, se tornaram amigos muito especiais. Destacaria ainda o encontro com professores únicos e a sensação de plenitude que nasce da dedicação a algo que verdadeiramente nos apaixona – para mim concretizado no poder da palavra.

Um ponto menos positivo a apontar será a existência de fraturas acentuadas no que seria, idealmente, a unidade do corpo estudantil: penso que urge o estabelecimento de mecanismos de integração mais solidários, desde os primeiros passos na Universidade, que tomem por objetivo a fundação de um sentido de pertença e de equidade entre alunos, para uma comunidade mais unida e representativa dos interesses simbióticos do indivíduo e da instituição.

– Uma ideia para melhorar a U.Porto?

Promover a interdisciplinaridade: considero fundamental potenciar o enriquecimento do percurso académico individual com contributos de várias áreas (da faculdade e mesmo da própria Universidade) através de projetos partilhados com outros colegas e investigadores – tal permitiria certamente uma interação mais produtiva e original entre alunos. Igualmente relevante me parece a ampliação da relação com o meio externo – apostando nas oportunidades concedidas pela dinâmica social e cultural florescente na cidade, por exemplo – para uma consciência mais aguda do papel ativo e consequente do estudante na sociedade, e para a projeção de possibilidades futuras (nomeadamente nesse “admirável mundo novo” da vida profissional).

– Um desejo para a Universidade do Porto, no seu aniversário?

Que continue o trabalho de excelência que tem vindo a desenvolver, sempre com fito na construção de uma instância de aprendizagem livre e justa, cada vez mais próxima do sentido utópico a que associamos a Universidade enquanto celebração da demanda pelo conhecimento e pela verdade.

– Qual a importância do Prémio Incentivo para o teu futuro?

O reconhecimento do mérito alcançado por genuíno esforço e entrega pessoal traz, inquestionavelmente, uma imensa satisfação. Assim, a atribuição do prémio transcende largamente a materialização do trabalho desenvolvido numa média numérica elevada. Celebra um caminho de preparação atentamente guiado por docentes excecionais, desde o desenho das primeiras letras à tentativa compreensão da épica de Camões ou da sintaxe latina, passando pelo labirinto das ciências, do teatro e da poesia dos livros e dos dias: um caminho apenas concretizado pelo acompanhamento constante, com todo o carinho e apoio, de uma família e amigos insubstituíveis. Representa o cumprimento promissor de uma etapa iniciática na odisseia do futuro. Simboliza um momento muito feliz no que espero que se seja – “se a tanto me ajudar o engenho e arte” – um percurso original, capaz e digno da herança sublime (e, não raras vezes, erradamente desvalorizada) das Letras. Um percurso que será, insofismavelmente, sempre dedicado.