Pedro Bragança, Filipa de Castro Guerreiro e Carla Garrido de Oliveira, vencedores do Prémio Fernando Távora 2018. (Foto: CMM)

É a primeira vez que o galardão é atribuído a uma proposta em coautoria e o feito tem a “marca” da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). O coletivo de arquitetos composto por Filipa Guerreiro e Carla Garrido, ambas professoras e investigadoras da FAUP e do seu Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU-FAUP), e por Pedro Bragança, também ele  investigador do CEAU-FAUP, é o grande vencedor da 14.ª edição do Prémio Fernando Távora, com a proposta de viagem “Pelo estremo: Viagem pela viagem de Duarte d’Armas, perspectivas presentes de territórios limiares”.

Organizado pela Ordem dos Arquitectos  – Secção Regional do Norte da (OASRN), em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos e a Casa da Arquitectura, o Prémio Fernando Távora consiste numa bolsa de viagem no valor de seis mil, atribuída anualmente a arquitetos membros da Ordem dos Arquitectos. O objetivo é incentivar e valorizar a Viagem de Investigação enquanto instrumento de formação do arquiteto, partindo para isso do exemplo de Távora que, enquanto arquiteto e pedagogo, viajou pelos vários continentes para estudar a arquitetura de todas as épocas, tendo influenciado sucessivas gerações de arquitetos.

É esse exemplo que Filipa Guerreiro, Carla Garrido e Pedro Bragança se propõem a seguir através de uma proposta de viagem cuja finalidade passa por “perspetivar coletivamente imagens de futuro a partir de um olhar presente tendo por mote o percurso e as gravuras de Duarte d’Armas, realizadas no território português, no início do século XVI, a pedido do rei D. Manuel”.

Na prática, o plano de viagem prevê percorrer, em etapas distribuídas ao longo de 2018 e 2019, todos os 57 lugares registados no livro das fortalezas que são situadas no estremo de Portugal e Castela, tanto quanto possível, na mesma sequência que o autor terá realizado a viagem de estudo de 1509, determinada na publicação.

Para o coletivo de arquitetos, a proposta vencedora “é assim um percurso pelo estremo, entre tempos e escalas, intermitente e ‘sinuoso’, por auto-estradas, entre caminhos e atalhos, procurando vislumbrar colaborações múltiplas; meia volta a Portugal, em duas linhas, tendo Duarte d’Armas e Fernando Távora como ‘condutores’. Sobretudo, defendemos uma viagem em equipa, considerando ainda que viajar no nosso ‘interior’ é tão fundamental para nos (re)conhecermos como conhecer mundo fora”.

O anúncio da proposta vencedora da 14ª edição do prémio Fernando Távora teve lugar esta terça-feira, dia 1 de outubro, numa cerimónia que decorreu  na Câmara Municipal de Matosinhos. Na mesma ocasião, Isa. Clara Neves, arquiteta pela FAUP e vencedora da anterior edição do Prémio, apresentou a conferência “Histórias da cultura computacional na arquitectura. Entre Europa e Estados Unidos da América”.

Em edições anteriores, venceram o Prémio, entre outros, os antigos estudantes da FAUP Maria MoitaSidh MendirattaPaulo MoreiraAndré Tavares e Isa. Clara Neves, e as investigadoras do CEAU-FAUPSusana Ventura e Maria Neto.

Sobre os vencedores

Carla Garrido de Oliveira é professora de História da Arquitectura Portuguesa na FAUP, doutorada em 2016 com a tese “A Nossa Casa: Proposta de uma reforma moderna para a arquitetura portuguesa. 1890-1933, Trânsitos europeus na obra de Raul Lino”.

Filipa de Castro Guerreiro é docente de Projeto 1, também na FAUP, doutorada em 2016 com a tese “Colónias Agrícolas Portuguesas construídas pela Junta de Colonização Interna entre 1936 e 1960. A casa, o assentamento e o território”. Com Tiago Correia partilha o Ateliê da Bouça.

Pedro Bragança é mestre em Arquitetura, investigador no grupo de investigação Arquitectura: Teoria, Projecto, História (ATPH) da FAUP-CEAU e bolseiro da Fundação da Ciência e Tecnologia. Sob a coordenação de Marta Oliveira, efetua um projeto de investigação sobre o volume IV do Guia de Portugal (Fundação Calouste Gulbenkian), em parceria com a Midas Filmes e o realizador João Canijo.