Filipa Reis estudou as propriedades antioxidantes, antimicrobianas e antitumorais dos cogumelos do nordeste transmontano.

A investigadora Filipa Reis, estudante da Faculdade de Farmácia da Universidade Complutense de Madrid (UCM), mas cujo trabalho científico foi parcialmente desenvolvido no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), foi recentemente distinguida com o “Prémio Extraordinário de Doutoramento”. Trata-se de uma distinção atribuída aos doutorados desta universidade espanhola que tenham obtido a classificação máxima na sua tese de doutoramento. Dos nove premiados, Filipa Reis ficou em primeiro lugar.

Este projeto, que resultou de uma colaboração entre a UCM, o i3S/Ipatimup (grupo “Cancer Drug Resistance“) e o Centro de Investigação de Montanha (CIMO) do Instituto Politécnico de Bragança, visou o estudo de cogumelos comestíveis, em particular os do Nordeste de Portugal, através da sua caracterização química e análise do seu potencial biológico, nomeadamente das propriedades antioxidantes, antimicrobianas e antitumorais. Além de estimular o consumo e uso tradicional dos cogumelos, este estudo teve como objetivo valorizar estes produtos naturais como uma possível fonte de ingredientes funcionais e/ou nutracêuticos.

«É muito gratificante receber este prémio. É o reconhecimento do trabalho desenvolvido; um trabalho muito vasto e de colaboração de grupos e centros de investigação de excelência», sublinha Filipa Reis.

O período de execução de um projeto de doutoramento, continua a investigadora, «é bastante longo e com momentos de muita pressão. A maior parte das vezes, não nos apercebemos do quão privilegiados somos pelas portas que se abrem. Poder fazer parte do “Dpto. de Nutrición y Ciencia de los Alimentos” da Faculdade de Farmácia da UCM e do grupo “Cancer Drug Resistance”, do i3S, foi verdadeiramente uma honra».

Atualmente, Filipa Reis está a trabalhar na sua instituição de origem, o CIMO, e diz sentir-se uma «investigadora muito mais completa». Este prémio, acrescenta, «comprova que o meu Doutoramento foi uma aprendizagem, um acumular de valências e a prova de que a ciência não se faz sozinha, que juntos somos efetivamente mais fortes. Agradeço profundamente às minhas orientadoras pela oportunidade e por tudo o que me ensinaram durante estes últimos anos. O diploma que recebi vem em meu nome, mas atesta a qualidade e competência de três grandes instituições. Aliás, dado o objetivo e multidisciplinaridade do projeto, foram essenciais as contribuições da Professora Patricia Morales Gómez (Dpto. Nutrición y Ciencia de los Alimentos, Facultad de Farmacia, UCM), da Professora M. Helena Vasconcelos (i3S) e da Professora Isabel C.F.R. Ferreira (CIMO).

A líder do grupo de investigação “Cancer Drug Resistance”, Helena Vasconcelos, diz-se «muito feliz» com este prémio atribuído a Filipa Reis, «uma vez que é um reconhecimento das excelentes competências científicas que adquiriu enquanto nossa estudante, assim como da qualidade dos orientadores e das instituições de acolhimento na sua formação avançada. Este prémio foi o culminar de uma colaboração de vários anos com a Profª. Isabel Ferreira, do CIMO, colaboração essa que nos tem permitido trabalhar (no âmbito já de vários projetos financiados) no estudo de produtos naturais com atividade antitumoral. Aliás, é meu objetivo contribuir para que esta colaboração evolua no sentido de se conseguir o isolamento de novas moléculas e estudos da sua atividade e toxicidade».