Estrela de David

A maior comunidade judaica do mundo será afinal originária da Europa. (Foto: DR)

Os Judeus Asquenazes, a maior comunidade judaica do mundo, terão afinal origem europeia. Esta é a conclusão do trabalho de doutoramento de Marta Costa e Joana Pereira, numa colaboração entre o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e a Universidade de Leeds, cujas conclusões foram recentemente publicadas na Nature Communications.

As origens dos Judeus Asquenazes permanecem altamente controversas. Mesmo os estudos genéticos realizados até ao momento – baseados no cromossoma Y herdado por via paterna, no ADN mitocondrial herdado por via materna e nos autossomas com contributo de ambos os progenitores – têm levado a conclusões contraditórias. Alguns autores sugerem uma ancestralidade maioritária no Próximo Oriente, numa região que inclui Israel/Palestina, Líbano, Síria e Jordânia, ao passo que outros sugerem uma ancestralidade no Cáucaso.

Realizado no âmbito de um doutoramento misto desenvolvido no IPATIMUP (Grupo de Diversidade Genética) e na University of Leeds, o trabalho de Marta Costa e Joana Pereira aponta agora a Europa como a mais provável origem desta comunidade judaica.

Para chegarem a esta conclusão, as duas doutorandas do IPATIMUP, co-orientadas por Luísa Pereira (IPATIMUP) e Martin Richards (U.Leeds), estudaram detalhadamente mais de 3500 genomas mitocondriais da Europa, Cáucaso e Próximo Oriente, o que permitiu fazer uma reconstrução segura da história genealógica materna Ashkenazi.

Esta reconstrução genealógica revelou que mais de 80% da diversidade atual desta comunidade tem ancestralidade europeia, consistindo em linhagens que estão nesta região geográfica desde a Pré-História. O que implica que as judias Asquenazes atuais descendem maioritariamente de mulheres assimiladas na Europa há cerca de 2000 anos atrás.

A nova pista para a origem da comunidade Asquenaz descoberta nesta investigação portuguesa teve já, após a sua publicação na revista de acesso livre Nature Communications, repercussão em outras publicações internacionais de renome, como os websites da Science e da BBC.