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Foto de Plutão obtida apenas 15 minutos depois da maior aproximação da sonda New Horizons a Plutão, a 14 de julho de 2015. Céditos: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute

Há 10 anos, no encerramento da 26.ª Assembleia Geral da União Astronómica Internacional (IAU) a 24 de agosto de 2006, foram votadas as resoluções B5, que criou a atual definição de planeta e a categoria de planeta anão, e B6, que estabeleceu que Plutão, segundo essas definições, passaria a ser considerado planeta anão. Para assinalar a data, a partir de 24 de agosto, Plutão estará em destaque nas sessões imersivas fulldome do Planetário do Porto – Centro Ciência Viva.

Segundo a resolução B5, os planetas anões são os objetos do Sistema Solar que: 1) orbitam o Sol; 2) têm massa suficiente para estar em equilíbrio hidrostático (grosso modo, têm uma forma “arredondada”); 3)  não “limparam” a sua órbita; 4) não são luas.

Apesar de na altura já se conhecerem vários objetos transneptunianos, a decisão de reclassificar Plutão foi precipitada pela descoberta de Éris (que na altura se julgava ser maior do que Plutão), em janeiro de 2005, pela equipa de Mike Brown do California Institute of Technology. Éris é um dos três corpos celestes (com Plutão e Ceres) que em 2006 integrou a categoria dos planetas anões.

Desde a despromoção, foram criados vários movimentos populares para restaurar Plutão ao seu “estatuto planetário”, sendo um dos seus principais defensores Alan Stern (Southwest Research Institute), o investigador principal da missão New Horizons (NASA) a Plutão e à Cintura de Kuiper.

Mas para Ricardo Cardoso Reis, (Planetário do Porto – Centro Ciência Viva e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço) a polémica não faz sentido: «A reclassificação foi largamente aceite pela maioria da comunidade astronómica mundial, pois mesmo antes da despromoção, Plutão era visto como algo que não encaixava no grupo dos planetas – nem era um planeta telúrico como a Terra, nem era um gigante como Júpiter».

Reis acrescenta ainda: «Este tipo de despromoção já aconteceu antes. Ceres foi descoberto no início do séc. XIX, sendo de imediato classificado como planeta. Mas nas décadas seguintes, com a descoberta de cada vez mais objetos semelhantes, basicamente na mesma órbita, foi criada uma nova categoria para os classificar – os asteroides. Na altura a despromoção também foi polémica, no entanto hoje ninguém põe em causa que Ceres não é um planeta».

Aos 3 planetas anões conhecidos em 2006 (Plutão, Éris e Ceres), juntaram-se em 2008 Makemake e Haumea. E em julho do ano passado, Plutão foi finalmente observado de perto, pela sonda New Horizons.