Aos 30 anos, Samuel Gonçalves há muito se habituou a queimar etapas no seu percurso. Formado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), fundou há três anos o estúdio SUMMARY, sediado do UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto. Foi ali que desenvolveu uma ideia inovadora para construir edifícios em tempo recorde, a mesma com que “conquistou” a Bienal de Veneza 2016 e que, já este ano, lhe valeu um lugar na lista dos quarenta arquitetos e designers emergentes mais promissores da Europa.

Natural de Arouca, Samuel Gonçalves concluiu o mestrado em arquitetura na FAUP em 2012. Durante o percurso académico, viveu no Chile, onde estudou na Pontificia Universidad Católica de Chile e trabalhou no estúdio ELEMENTAL, liderado pelo arquiteto Alejandro Aravena, vencedor de um prémio Pritzker (2016) e internacionalmente conhecido pelos projetos de habitação social.

Em 2015, Samuel Gonçalves criou o estúdio de arquitetura SUMMARY, depois de frequentar a Escola de Startups do UPTEC, espaço onde veio a sediar a empresa.

Apenas um ano depois de ser fundado, SUMMARY foi o estúdio de arquitetura mais jovem convidado para participar na edição desse ano da Bienal de Veneza.  Na passagem pela cidade italiana, o estúdio apresentou uma instalação original, designada “Infrastructure – Structure – Architecture”, da qual fazia parte o projecto “GOMOS”, um sistema modular inovador que permite construir edifícios de betão armado em tempo recorde. Os módulos, já com acabamentos exteriores e interiores, são produzidos em fábrica durante três meses e montados em cerca de três dias.

Em 2017, o estúdio conquistou o prémio internacional Red Dot Award: Design Concepts na categoria “habitat”, o que lhe valeu a exposição do projeto no Red Dot Museum, em Singapura.  Recentemente, Samuel Gonçalves foi um dos vencedores do concurso internacional “Europe 40 under 40”, integrando, assim, a lista dos quarenta arquitetos e designers emergentes mais promissores da Europa.

– Naturalidade? Arouca, Portugal

– Idade? 30

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Gosto das muitas portas abertas para discutir novos projetos e novas ideias. E gosto do seu Parque de Ciência e Tecnologia (UPTEC) que sabiamente tem conseguido potenciar algum do melhor capital intelectual da cidade e transformá-lo em negócio, de uma forma simultaneamente despretensiosa e eficaz.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Do peso institucional e burocrático que muitas vezes dificultam o acesso direto a instalações, equipamentos e pessoas da Universidade.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Abrir todos os espaços da Universidade inutilizados a novas atividades – utilização aberta a membros da comunidade UP, sem contratos, com base num regulamento de utilização tipificado.

– Como prefere passar os tempos livres?

Gosto muito de ler. Normalmente prefiro literatura científica, ligada a arquitetura e urbanismo.

– Um livro preferido?

Supports, de John Habraken.

– Um disco/músico preferido?

“Sound of Silver”, Lcd Soundsystem

– Um prato preferido?

Qualquer um em casa dos meus pais.

– Um filme preferido? 

“24 Hour Party People”.

– Uma viagem de sonho? 

Chile – sonho cumprido.

Índia – sonho (ainda) por cumprir.

– Um objetivo de vida?

Continuar a divertir-me diariamente com o meu trabalho.

– Uma inspiração

O meu avô. Fazia o que queria e dizia o que pensava, sempre.

– O projeto da sua vida…

Passo os dias a fazer projetos para a vida dos outros. Ironicamente esse parece ser o meu projeto.

– Criaste o teu próprio negócio na área da arquitetura (que já foi distinguido internacionalmente), estás agora entre os 40 arquitetos mais promissores da Europa. Que conselhos darias aos jovens que estão a terminar o curso de arquitetura e querem criar uma empresa?

Trabalhem com o contexto que encontrarem e façam com que a vossa arquitetura se adapte a ele. O contrário nunca irá acontecer.