Paula Meireles é estudante de doutoramento em Saúde Pública e investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), desde 2012. A vontade de fazer investigação fez-se sentir desde cedo, mas foi uma experiência de voluntariado em Angola, em 2010, que a ajudou a tomar a decisão. “A falta de recursos e as diferenças no acesso aos cuidados de saúde eram gritantes”, lembra.

De volta a Portugal, ingressou no Mestrado em Saúde Pública, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), onde desenvolveu uma tese sobre a incidência da infeção VIH nos homens que têm sexo com homens. Com esse trabalho, chegou à conclusão de que a incidência da infeção é alta nesta população, sobretudo, entre os homens que reportaram mudanças recentes no seu contexto de vida e nos seus comportamentos, como por exemplo, o abandono do uso do preservativo com um parceiro estável.

Seguiu-se o doutoramento, onde continua a apostar nesta linha de investigação, focando a forma como os homens que têm sexo com homens gerem o risco de contrair a infeção.

No dia 2 de junho, em Rennes (França), foi premiada no âmbito do 9.º Fórum de Jovens Investigadores – evento internacional que reúne alguns dos mais reputados cientistas na área da Saúde Pública – com um trabalho sobre o retrato da situação do uso de drogas na cidade do Porto e as opiniões sobre as salas de consumo assistido. A investigação intitulada “Open drug scenes and public opinion on drug consumption rooms in Porto, Portugal”, que estima o tamanho da população de utilizadores de drogas ilícitas em contexto de céu aberto da cidade e reúne as opiniões dessas pessoas e da população geral residente no Porto sobre a criação de salas de consumo assistido, valeu à investigadora o prémio de “Melhor Comunicação Oral”.

Naturalidade? Paços de Ferreira

Idade? 32 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da alta qualidade e seriedade do ensino, do corpo docente e da investigação que me faz dizer com orgulho que sou estudante da U.Porto.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

De alguma falta de flexibilidade e diálogo entre as diferentes estruturas.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Melhorar os aspetos que referi anteriormente. Penso que podia e devia ser mais fácil para os alunos e investigadores navegar na U.Porto e adequar o seu plano de aprendizagem a toda a oferta e oportunidades que a Instituição tem.

– Como prefere passar os tempos livres?

Com as pessoas de quem gosto.

– Um livro preferido?

Sempre que leio um livro que gosto, penso que esse é que é o meu favorito, mas vou destacar o “Jesusalém” do Mia Couto. Foi o primeiro que li deste escritor e, na altura, estava em Angola, portanto o tipo de escrita e o contexto fez-me muito sentido. Gostei imenso de o ler e recordo a surpresa que sentia quando lia palavras inventadas e de achar que deviam mesmo existir!

– Um disco/músico preferido?

Eu sou péssima com música e é sempre o meu irmão que me apresenta o que está a ouvir e que, regra geral, eu também gosto. São geralmente artistas rock, grunge, como, por exemplo, Foo Fighters e Radiohead.

– Um prato preferido?

Gosto muito de comer e o prato preferido depende dos dias.

– Um filme preferido?

“A Vida é Bela” do Roberto Benigni. Cada vez que o revejo, gosto mais, porque consegue sempre surpreender-me.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)? 

Gostava muito de visitar os cinco continentes, e em cada um dos continentes o maior número de países possível – para além da Europa, já estive em três países Africanos. Este ano espero ir ao Japão e ao Brasil e depois tenho que planear uma viagem à Oceânia.

– Um objetivo de vida?

Gostava de ser capaz de fazer investigação com relevância social, interesse e pertinência científica. Pode parecer óbvio mas, no meu entender, requer muito estudo, muita aprendizagem e humildade e sinto que é fácil perder este foco.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

A minha avó Alice.

– O projeto da sua vida…

Mais do que ser feliz, eu quero sentir que estou onde devo estar.

 Uma ideia para promover a investigação em saúde pública da U.Porto a nível internacional?

Penso que aquilo que já fazemos é muito bom e reconhecido internacionalmente. Uma ideia para melhorar será investir na comunicação e relação com outros grupos de investigação, profissionais e comunidade com um diálogo honesto e de partilha de conhecimentos.