Portuense de gema, Paula Brito não hesita em nomear a “abertura ao exterior” como uma das principais mais-valias da Universidade do Porto. Na verdade, ela própria personifica essa característica. Com um trajeto académico e científico intimamente ligado à Universidade, esta professora da Faculdade de Economia (FEP) e investigadora do INESC TEC tem combinado e potenciado essas facetas com um percurso de relevo a nível internacional. O último desses desafios abraçou-o recentemente, quando assumiu a presidência da International Association for Statistical Computing (IASC), um dos principais organismos ligados à área da Estatística Computacional a nível mundial.

Licenciada em Matemática Aplicada pela Faculdade de Ciências da U.Porto (1984), a “Pessoa” desta semana prosseguiu a sua formação fora da cidade. Primeiro na capital, onde completou o mestrado em Probabilidades e Estatística na Universidade de Lisboa, e, mais tarde, além-fronteiras, em França, onde conclui o doutoramento em Matemática em 1991 na Universidade de Paris-Dauphine. Atualmente, concilia a função de docente na Faculdade de Economia da U.Porto (FEP), onde ensina Estatística e Análise de Dados nos vários níveis de ensino, com a atividade de investigação no Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD) do INESC TEC.

A nível científico, Paula Brito foca os seus interesses no campo da Análise Multivariada de Dados, com particular incidência na Classificação e na Análise de Dados Simbólicos, áreas em que colabora com investigadores nacionais e estrangeiros, nomeadamente na Europa, Brasil e Extremo-Oriente. Ao longo da sua carreira, publicou artigos em revistas científicas e livros com circulação internacional, efetuou numerosas apresentações em conferências, um pouco por todo o mundo, e participou em projetos internacionais.

Convidada frequentemente a dar conferências e palestras no país e no estrangeiro, esta docente e investigadora da U.Porto foi ainda editora de quatro livros e dois números especiais de revistas científicas, e é regularmente membro de comités científicos de conferências internacionais na sua área de investigação. Foi responsável (Chair) de COMPSTAT 2008, a maior conferência internacional em Estatística Computacional, que teve lugar na FEP em agosto de 2008. Entre 2003 e 2011, integrou também a direção da Sociedade Portuguesa de Estatística, tendo sido Vice-Presidente desta sociedade científica entre 2006 e 2011.

Naturalidade?

Porto.

De que mais gosta na Universidade do Porto?

Da sua abertura: ao exterior, colaborando com outras instituições nacionais e recebendo muitos professores, colaboradores e estudantes, vindos de todo o mundo, e internamente, promovendo interdisciplinaridade e actividades abertas aos elementos das suas várias unidades.

De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da crescente carga administrativa /burocrática que é imposta aos docentes – cujo tempo e “espaço mental” deveria ser dedicado a outro tipo de actividades…

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Descentralizar, desburocratizar…

Como prefere passar os tempos livres?

Quando são mesmo “livres”, gosto muito de caminhar, à beira-mar ou na montanha.

Um livro preferido?
Prosa: Memorial do Convento, de José Saramago
Poesia: Odes, de Ricardo Reis

Um músico / disco preferido?

Clássica: “Coro dos Escavos”, da ópera Nabucco, de Verdi
Pop/Rock: “The Carpet Crawlers”, dos Genesis.

Um prato preferido?
Polvo assado com arroz do mesmo (no Veleiros, claro!)

Um filme preferido?

“Out of Africa” (África Minha).

Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Egipto (realizada!).

Um objetivo de vida?

Escrever um livro que “fique”.

Uma inspiração?

“Everything will be alright in the end. So, if it is not alright, it is not yet the end!” (do filme “O Exótico Hotel Marigold“).

Uma descoberta que gostasse de fazer?

Teletransporte!

Nota: Por vontade expressa da entrevistada, o depoimento não se encontra ao abrigo do Acordo Ortográfico, pelo qual a Universidade do Porto se rege desde 1 de janeiro de 2012.