Milton Severo é Investigador do Instituto de Saúde Pública da U.Porto e professor convidado na Faculdade de Medicina. (Foto: DR)

Utilizar a estatística para ajudar a responder a perguntas de saúde pública e de epidemiologia é a missão a que Milton Severo se vem dedicando ao longo dos últimos anos. Investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e professor auxiliar convidado na Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), tem somado, ao longo dos anos, várias distinções pelos seus trabalhos na área da educação médica e investigação em saúde pública. O prémio mais recente – o de Excelência Pedagógica da U.Porto 2019 -, recebeu-o juntamente com Pedro Grilo Diogo, João Sérgio Neves, José Gerardo Oliveira e Maria Amélia Ferreira, pela aplicação de um método inovador de avaliação de futuros médicos na FMUP.

A paixão de Milton pela matemática vem desde pequenino, dado o seu fascínio por “descobrir os mistérios que conduzem à resolução de problemas”. E foi ela que o levou a licenciar-se em Matemática Aplicada e Computação, pela Universidade de Aveiro, em 2003.  Nesse mesmo ano, entrou no Serviço de Higiene e Epidemiologia da FMUP, onde deu início à investigação na área de medições em saúde e mais tarde na área de educação médica, após ter sido desafiado a usar ferramentas estatísticas para melhorar a qualidade dos exames na Faculdade.

Neste domínio arrecadou, integrando diferentes equipas, três Prémios de Excelência Pedagógica da U.Porto. À distinção de 2019 soma-se outra que arrecadou, em 2009, pela criação de um software virtual que permitia que os estudantes da Faculdade de Medicina treinassem para a prova da gincana. Em 2012, foi-lhe também atribuído este prémio pela criação de uma técnica de calibração para os testes da disciplina de Farmacologia.

Já na vertente da saúde pública, tem usado métodos estatísticos para ajudar a responder a vários problemas de epidemiologia, e tem também recebido várias distinções. A mais recente foi ganha em 2017, com a atribuição do prémio SCML/MSD em Saúde Pública e Epidemiologia Clínica, por um trabalho que mostrou que uma maior exposição ao excesso de peso na adolescência aumenta o risco cardiovascular em adulto. No ano de 2016, fez também parte da equipa que venceu o prémio de melhor publicação da Associação Portuguesa de Epidemiologia (APE).

No meio de tantos projetos e formações – completou também o mestrado em análise de dados e apoio à decisão em saúde, na Faculdade de Economia (FEP), e o doutoramento em saúde pública na U.Porto – Milton Severo garante ter tempo para a família e os amigos. “Ainda consigo organizar jantares com os colegas da primária”, afirma em jeito de brincadeira.

Apesar de procurar “sobreviver ao presente e de não fazer grandes planos para o futuro”, o investigador e docente afirma que daqui a uns anos gostaria de conseguir desenvolver uma metodologia estatística que captasse melhor os erros das medições em saúde, usando como base as coortes do ISPUP. Além disso, medir corretamente o conhecimento dos estudantes para melhorar a sua performance é outro dos objetivos.

Naturalidade? Lourosa, Santa Maria da Feira

Idade? 40 anos

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

O que eu mais gosto na Universidade do Porto são os investigadores, os professores, os estudantes e os meus colegas de trabalho.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da precariedade dos contratos entre professores e investigadores jovens.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Resolver o problema da precariedade.

– Como prefere passar os tempos livres?

Nos últimos 2 anos, tenho-me dedicado a descobrir a genealogia e a história familiar. Tenho ido consultar os arquivos da Torre do Tombo que estão disponíveis e tenho tentado descobrir a minha história familiar, que desconhecia.

– Um livro preferido?

Na adolescência, os livros da coleção “Uma Aventura”, porque me permitiam viajar por Portugal sem sair de casa. Mais recentemente, e ligando um bocadinho à matemática, escolho “O Tio Petros e a Conjectura de Goldbach”, de Apostolos Doxiadis.

– Um disco/músico preferido?

O álbum “Reckless”, de Bryan Adams. Mais recentemente, escolho “New York”, de Alicia Keys.

– Um prato preferido?

 Bife na pedra.

– Um filme preferido?

 O Bom Rebelde.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

 Entre as viagens realizadas, Tóquio, Sidney e Nova Iorque. Por realizar, gostaria de fazer um tour pela América do Sul, passando pela Patagónia e Perú.

– Um objetivo de vida?

 Ser feliz.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

 Uma frase: “Façamos o favor de ser felizes”, de Raúl Solnado.

– O projeto da sua vida…

 Garantir que tenho uma família saudável e feliz e uma vida profissional desafiante com novos problemas matemáticos para resolver.

– Uma ideia para inovar a área do ensino na U. Porto?

Sugiro uma ideia recente, algo de que se tem falado agora, que é o engagement com os estudantes. No fundo, conseguir que os alunos se integrem mais e aprendam connosco. O ensino deveria ser mais pessoal e não baseado apenas na passagem de informação do professor para os alunos.