“São os estudantes que dão corpo ao futuro, e assim que me apercebi disso, fui mais um que arregaçou as mangas”. É assim que Francisco Sousa Vieira– finalista da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto(FMUP) – analisa o seu percurso ao longo de seis anos na instituição e na Universidade do Porto.

Enquanto frequentava o mestrado integrado em Medicina da FMUP, Francisco foi eleito para os dois órgãos máximos da Universidade do Porto e da FMUP – o Conselho Geral e o Conselho de Representantes, respetivamente –, foi presidente da Associação de Estudantes (AEFMUP) e integrou, ainda, a direção da Federação Académica do Porto (FAP) – mandatos que terminou nos últimos meses. Questionado sobre as motivações para este ativismo, explica que gostaria que, no futuro, os estudantes possam viver a experiência universitária de modo ainda mais livre, justo e com todas as condições para que alcancem os seus objetivos, independentemente dos contextos em que estão inseridos.

O futuro médico tem um particular interesse pelo passado da Medicina e um especial orgulho pelo seu manual de apontamentos e desenhos anatómicos estar exposto no Museu de História da Medicina Maximiano Lemos da U.Porto. A história da medicina deu também mote à sua dissertação de mestrado, onde se dedicou a explorar a vida e o trabalho de Daniel Serrão, histórico professor da instituição.

Natural de Marco de Canavezes, o jovem de 24 anos considera que “houve tempo para tudo”. Entre os exames e as aulas do curso que também está prestes a terminar, publicou o seu segundo livro. “Os Homens que os Pássaros Comem” é o título da obra que lhe valeu tornar-se um dos mais jovens nomeados para o Prémio PEN Club Português – galardão que, no passado, foi atribuído a José Saramago e a Vergílio Ferreira.

Na reta final de um percurso ativo na Universidade do Porto e na Faculdade de Medicina – e a algumas semanas de se dedicar ao estudo intensivo do terrível “Harrison” –, Francisco afirma ter duas certezas. Uma é que pretende, de alguma forma, manter uma participação cívica ativa na sociedade e que, independentemente dos problemas que Portugal possa ter de enfrentar, não está disposto a emigrar.

Naturalidade? Marco de Canaveses

Idade? 24

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

Curiosamente, daquilo de que a maioria desgosta: da dispersão geográfica. É por acreditar que a universidade deve ser o protótipo da sociedade do futuro que considero inestimável termos a nossa diluída no espaço, fortalecendo a comunhão da cidade e dos estudantes com os cidadãos.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da falta de sentido de unidade e de espírito de casa comum em assuntos onde este deveria imperar, e pelo contrário, da tentativa de homogeneização de algumas realidades próprias de cada faculdade. Por vezes descaracterizando-as e prejudicando a diversidade que a Universidade do Porto deve proteger.

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto? 

Redefinir a política de gestão orçamental, designadamente a sua distribuição pelas Unidades Orgânicas, através de uma fórmula baseada em critérios concretos e adequados à realidade destas. Acredito que a moldura atual pode ser francamente melhorada e que isso reforçaria a Universidade como um todo.

– Como prefere passar os tempos livres?

Em família.

– Um livro preferido?

“White Fang”, Jack London

“Walden, or Life in the Woods”, Henry David Thoreau

“Sôbolos Rios que Vão”, António Lobo Antunes

– Um disco/músico preferido?

“Think Tank”, Blur

“The Life of Pablo”, Kanye West

– Um prato preferido?

Spaguetti da minha mãe

– Um filme preferido?

“O Aviador”, Martin Scorcese

“La Grande Bellezza”, Paolo Sorrentino

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)? 

Realizada: de Nova Iorque à Patagónia com o meu irmão.

Por realizar: se pensarmos no filme “Into the Wild”, o meu Alasca chama-se África.

– Um objetivo de vida?

Ser um orgulho para aqueles que amo.

– Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

Ronaldo, Senna, McGregor e todos aqueles que respiram o caos e a pressão com serenidade, conforto e entusiasmo.