Dividido entre a Engenharia Mecânica e os barcos, Duarte Menezes está em Glasgow a realizar simultaneamente dois dos seus sonhos: fazer Erasmus e remar nos Campeonatos Britânicos da modalidade.

De facto, um dos motivos que levou este estudante da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e campeão nacional de remo em diversos eventos a escolher a Escócia como destino de mobilidade foi mesmo a possibilidade de ter contacto direto com o remo Britânico. Mas o convite para participar nos Campeonatos Britânicos acabaria por ser uma surpresa absoluta. Estes Campeonatos “são o principal teste para quem deseja integrar a seleção britânica e, portanto, os melhores atletas da Grã-Bretanha reúnem-se todos neste evento”, explica Duarte Menezes.

Naquela que foi uma regata que há de “relembrar com um enorme orgulho e prazer”, o estudante-atleta português e a sua equipa conquistaram o 2.º lugar no escalão sub-23 ligeiros, sendo apenas ultrapassados pela equipa da Universidade de Oxford. Uma prova onde a sua universidade não foi esquecida: “Claro que levei a camisola da Universidade do Porto comigo! Está sempre presente nos momentos mais importantes!”.

Mas este foi apenas mais um dia na vida de um campeão do remo e da universidade. “Desde pequeno que me habituei a conciliar o desporto com a escola. Com o passar dos anos, a exigência desportiva e académica foi aumentando e, gradualmente, eu também fui aprendendo a gerir melhor estas minhas duas atividades. Neste momento, é algo intrínseco em mim.”

O estudante do 4º ano da FEUP, campeão nacional de remo em diversos eventos, sempre desejou estudar num país estrangeiro e conhecer uma nova cultura. Este ano, abraçou o desafio de ir sozinho para um país desconhecido, estudar numa universidade diferente e remar num ambiente novo. “Sempre considerei a minha mobilidade de Erasmus como uma experiência de dois níveis: académica e desportiva”, explica o estudante-atleta.

Mas metodologia e rigor são duas palavras essenciais no dia-a-dia do remador que planeia seguir a especialização de Projeto e Construção Mecânica na FEUP, tendo um interesse especial pela Biomecânica e pelo Desenho Técnico e Modelação. Como salienta Duarte Menezes, o importante para um estudante-atleta é “saber distinguir quando é tempo de treinar ou de estudar. São necessários objetivos muito fortes, e que realmente apelem à nossa vontade. É preciso gostar muito do desporto e daquilo que fazemos. É o meu caso!”.

Naturalidade? Mafamude, Vila Nova de Gaia
Idade? 21 anos

De que mais gosta na Universidade do Porto?

Das pessoas! Desde o meu primeiro dia como estudante Universitário que fui muito bem acolhido. E agora, quatro anos depois e como estudante de Erasmus sinto que, apesar da distância, a Universidade está sempre presente comigo!

De que menos gosta na Universidade do Porto?

Da distância entre os polos. Gostaria que houvesse mais convívio e cruzamento entre os alunos dos vários cursos.

Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Cultivar a cultura das sociedades e clubes universitários. A experiência Universitária não se devia resumir apenas ao estudo. Devia ser muito mais rica em diversidade e matéria! Um espaço onde se partilha todo o tipo de cultura.

Como prefere passar os tempos livres?

Entre as doses diárias de estudo e as muitas horas dedicadas ao remo, o tempo de sobra é pouco. No entanto, é sempre possível arranjar espaço e tempo para as coisas de que se gosta, como por exemplo, ouvir música! Uma saída com os amigos sabe sempre muito bem e ajuda a relaxar a rotina. A Escócia permitiu-me também descobrir uma nova paixão: o acampamento selvagem. O prazer de estar livre e em contacto direto com a Natureza! Não há melhor escapatória. E complementar tudo isto com a fotografia, perfeito!

Um livro preferido?

Confesso que gostava de ler mais! Não tenho, portanto, um livro preferido. Quero, no entanto, mencionar o livro que me tem servido como companhia em Português, nestas mais recentes aventuras pela Escócia, e que me tem inspirado para tantas aventuras mais: “Passageiros em Trânsito”, do José Eduardo Agualusa.

Um disco/músico preferido?

Dead Magic”, de Anna Von Hausswolff. Para quem ponderar ouvir, preparem-se para 47 minutos arrebatadores! É impossível ficar indiferente!

Um prato preferido?

Uma bela Francesinha vinda de uma tasca tipicamente Portuense! Bem…que saudades!

Um filme preferido?

Interstellar. Da banda sonora ao conteúdo da história, o filme deixa-me fascinado!

Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Explorar a Escócia tem sido um sonho. Para o ano tenciono continuar a explorar este país, mas com duas rodas e um motor! E como o bichinho da aventura já se instalou em mim, farei por criar tantas oportunidades quanto possível para explorar outros países e novas culturas. Nova Zelândia, Tibete, Ilhas Faroé… Uma pessoa cresce muito quando viaja!

Um objetivo de vida?

Escrever uma historia única no remo e chegar o mais longe possível enquanto atleta! E para além da carreira desportiva, encher a minha vida com aventuras e memórias, explorar diferentes culturas e novas realidades, crescendo o mais possível enquanto pessoa!

Uma inspiração? (pessoa, livro, situação…)

A minha família: o meu irmão e os meus pais. Não podia ter melhores exemplos! Aquilo que eu sou e os valores que me guiam são inspirados neles! O resto, deixo a toque pessoal.

O projeto da sua vida…

Construir uma vida que me permita seguir sempre aquilo que me faz feliz, agarrando todos os desafios e oportunidades, sem arrependimentos. E que a vida seja uma aventura! “Choose life!“.

Um desejo para o Remo português?

Apercebermo-nos que temos boas condições, bons clubes, bons treinadores e também bons atletas. Posto isto, o que tem de mudar é a mentalidade e a forma como abordamos o problema.