CarlosVasconcelos_300x200“Nasci em S. João da Madeira, de onde são metade dos meus genes. A outra metade é do Freixo (Marco de Canaveses). Vivo desde os meus 14 anos nesta cidade pelo que posso dizer que sou Portuense e Portista, com muita honra!” O cartão de apresentação pertence a Carlos Alberto da Silva e Vasconcelos, Professor Catedrático Convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e vencedor da primeira edição do Prémio Nacional de Medicina Interna, atribuído pela Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

Licenciado em Medicina (1976) e doutorado (2007) pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Carlos Vasconcelos especializou-se em Medicina Interna no Hospital Santo António, onde dirigiu a Unidade de Imunologia Clínica (UIC). Professor catedrático convidado do ICBAS desde 1986, aposentou-se da função pública em janeiro deste ano, mas mantém uma colaboração diária em diversas atividades do Hospital, bem como no instituto.

Com especialização na área do Lupus Eritematoso Sistémico, tema do seu doutoramento, é investigador principal e autor de vários ensaios clínicos na área das doenças autoimunes e autor ou coautor de mais de 120 publicações em revistas internacionais indexadas. Paralelamente, é membro da APECS, da SidaNet, Sociedade Portuguesa de Imunologia, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e dos seus núcleos de doenças autoimunes (NEDAI) e do HIV.

Também é membro do American College of Rheumatology, do International Advisory Board Autoimmunet / Anales de Autoimunidad e revisor da revista LUPUS, entre outras. Faz parte igualmente de redes europeias como o Euro-Lupus, Euro-Phospholipid, Biolupus, Task Force on SLE da EULAR e mundiais como o Consortium of Autoimmune Centers, a Lupus Nephritis Trials Network e, mais recentemente, do projeto PRECISESADS.

Foi este percurso que a SPMI decidiu distinguir com a primeira edição Prémio Nacional de Medicina Interna, destinado a um internista que tenha “contribuído de forma relevante para a divulgação, avanço científico e/ou implementação da especialidade em Portugal”.

Naturalidade? São João da Madeira.

Idade? 64 anos.

– De que mais gosta na Universidade do Porto?

De ser do Porto, de ser à moda do Porto, atraente e produtora como a cidade.

– De que menos gosta na Universidade do Porto?

De nos conhecermos menos a nós próprios do que devíamos

– Uma ideia para melhorar a Universidade do Porto?

Aumentar o intercâmbio entre os vários polos.

– Como prefere passar os tempos livres?

Viajando, lendo, pensando, com a família… Desde há mais de 25 que sou praticante de Karate, estilo Shotokan, discípulo da academia Soshinkai, que comemorou 50 anos de existência este ano. Mais do que uma atividade de tempos livres , o karate é uma responsabilidade presente no meu dia a dia.

– Um livro preferido?

Impossível responder… tantos… por tantas e diferentes razões… lembro o último do grande escritor israelita contemporâneo que é Amos Oz, “Judas”.

– Um disco/músico preferido?

Puf… bom qualquer um dos Beatles, do Bob Dylan seria… mas aqui vai : Dejà Vu dos Crosby, Stills, Nash and Young… para que os mais novos que não os conhecem sintam curiosidade… Acredito na música como algo com a capacidade de ser um regulador da homeostasia interna (pessoal) e externa (sociedade).

– Um prato preferido?

Tripas à moda do Porto, não para todos os dias, claro…

– Um filme preferido?

O Pátio das Cantigas, versão original.

– Uma viagem de sonho (realizada ou por realizar)?

Já fiz muitas, faltam-me muitas, principalmente a pé e de mochila às costas a começar em Ushuaia. Lembro uma viagem memorável à Bolívia, da característica capital La Paz à extraordinária subida de canoa de 5 horas pela Amazónia. Viajar é também uma forma de percorrermos o nosso caminho interior.

– Um objetivo de vida?

Construir, andar para a frente, tentar perceber o sentido de tudo isto…

– Uma inspiração?

Mozart e Bethoven na mesma pessoa, a criatividade e a disciplina, acima de tudo o querer…

– O projeto da sua vida…

Viver todos os dias bem comigo mesmo e com os outros…

– Uma ideia para promover uma maior ligação entre a Universidade e a comunidade?

Pequenas conversas (15 minutos) para o público em geral, aos domingos de manhã, sobre “O que fazemos aqui”, com um café.