O projeto-piloto será implementado nas cidades do Porto, Esposende e Matosinhos.

Criar condições para o estabelecimento de uma rede de colaboração entre gerações no norte de Portugal, que promova o desenvolvimento e disseminação de respostas inovadoras na área da saúde. É esse o objetivo do ÂMAGO, um projeto liderado por  Hernâni Zão Oliveira, investigador do Laboratório de Criação de Literacia em Saúde da Universidade do Porto (LACLIS), que acaba de ser contemplado com 50 mil euros no âmbito do Orçamento Participativo Jovem 2018.

A ideia surgiu durante a participação do investigador no programa StarShip, da rede EIT Health, onde recebeu formação em metodologia de Biodesign. Para Hernâni Zão Oliveira, esse período de 2018 foi essencial para criar o projeto: “Desenvolvi uma proposta de projeto intergeracional entre escolas básicas e/ou secundárias e universidades seniores, onde se pudessem discutir novas soluções para necessidades detetadas na área da comunicação em saúde”, refere. O objetivo principal? Definir estratégias que tornem os projetos de Promoção em Saúde mais eficazes e integradores, ajudando a abrir as portas da universidade à população mas também, através da partilha de competências entre faixas etárias distintas, a diminuir o isolamento social.

Para cumprir o objetivo a que se propõe, o ÂMAGO vai fomentar as ditas parcerias entre instituições e grupos, para que se possam criar e estabelecer laboratórios colaborativos onde a discussão se concretize. No ÂMAGO, jovens e seniores serão convidados a detetar necessidades, analisá-las e propor soluções para aumentar o conhecimento da população sobre saúde. Na opinião de Hernâni Oliveira, o projeto poderá trazer vantagens em diferentes campos, nomeadamente no envolvimento mais ativo de municípios e suas instituições sociais e de educação na contribuição mais ativa para a investigação científica, o avanço tecnológico e a melhoria da qualidade de vida da população.

Na prática, serão constituídas equipas de trabalho para os laboratórios, cada um com o mesmo número de seniores e idosos. Num primeiro momento haverá identificação das necessidades a partir da recolhe de feedback dos pares: “Ou seja, os seniores participantes serão encorajados a dialogar com outros seniores, e as crianças e adolescentes tambném entre si. O mesmo processo repete-se, mas o diálogo passa por levantar necessidades identificadas entre interlocutores de distintas faixas etárias”, explica Hernâni Oliveira.

Hernâni Zão Oliveira é investigador do Laboratório de Criação de Literacia em Saúde da U.Porto (LACLIS). (Foto: DR)

Durante todo o processo será dada formação aos participantes, prevendo-se que cada grupo consiga identificar, no mínimo, 100 necessidades diferentes. “Numa segunda fase selecionam-se apenas as necessidades comuns a ambos, isto é, a jovens e a idosos. Depois são elencadas aquelas que demonstram ter mais expressividade e impacto na população. Por fim, chegamos a um “top 3”, de acordo com as motivações do grupo, mas também com a possibilidade de se alcançar uma solução realista a médio/curto prazo”, apresenta o investigador.

O ÂMAGO vai arrancar nas cidades de Esposende, Matosinhos e Porto e os 50 mil euros vão dar uma ajuda preciosa à primeira fase pois permitirão “financiar investigadores e despesas de material e outros custos do desenvolvimento do projeto-piloto com três laboratórios experimentais em cidades no norte de Portugal”, acrescenta Hernâni Zão Oliveira.

Na opinião do investigador, o projeto piloto trará inúmeras vantagens e um efeito catalisador em duas frentes: “A primeira, diretamente relacionada com a forma como a inovação pode ser conseguida uma vez que se terá acesso a uma rede capaz de identificar problemas e validar soluções; e a segunda, num plano mais estrutural e político, com o envolvimento de municípios e das suas instituições sociais e de educação, para que contribuam de forma ativa para a investigação científica, avanço tecnológico e melhoria na qualidade de vida da população”, conclui.