A seleção nacional de hóquei em patins. (Foto: Carlos Delgado)

Não é por acaso que o assunto é já motivo de uma tese de mestrado em Design Industrial na Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP). O assunto tem sido debatido com regularidade sobretudo pelas federações profissionais e clubes onde a tradição do hóquei em patins é grande. A CERS, entidade oficial que gere a modalidade a nível mundial, proibiu recentemente na modalidade os capacetes utilizados de hóquei no gelo, decisão que foi revista após a intervenção do Laboratório de Biomecânica da U.Porto (LABIOMEP).

Ainda assim as opiniões dividem-se. Em Portugal, testes de impacto já realizados no LABIOMEP permitiram constatar que no hóquei em patins não é utilizado o equipamento mais adequado na proteção da cabeça dos guarda-redes. Os investigadores acreditam que a melhoria das condições de treino e da capacidade atlética dos praticantes conduziu a velocidades de bola cada vez mais elevadas e, muito provavelmente, com energias superiores às que o atual equipamento admite em segurança (136 km/h velocidade máxima medida). O assunto ganha outra dimensão se tivermos em conta que “os guarda-redes são treinados de forma a defenderem com a cabeça bolas rematadas para a área superior central da baliza e, assim, ficam expostos a riscos que podem comprometer a sua integridade física”, garante Mário Vaz, docente da FEUP e investigador do LABIOMEP.

Os investigadores do LABIOMEP deitaram então mãos à obra para tentar desenvolver um protótipo de capacete que pudesse dotar a modalidade de um equipamento de proteção individual com as condições técnicas para assegurar a segurança dos atletas e, ao mesmo tempo, apostar no desenvolvimento do seu design de modo a tornar os capacetes apelativos e perfeitamente indispensáveis à prática da modalidade.

Depois de se terem inspirado nas soluções para o hóquei do gelo, “a principal novidade do nosso protótipo prende-se com a eliminação da mobilidade da viseira – que não protege a articulação temporo-mandibular (ATM) no caso dos impactos no queixo – além de novas soluções construtivas para a própria viseira”, anuncia Mário Vaz. Até porque, “o melhor compromisso entre uma elevada resistência ao impacto e um peso reduzido poderá aconselhar a utilização de materiais diferentes dos atuais”.

Numa fase inicial o projeto contou com a participação ativa de Edo Bosch, jogador da equipa principal do Futebol Clube do Porto, uma vez que era importante definir as principais exigências (quer dimensionais, quer funcionais) para o protótipo do capacete que se encontra em fase adiantada de produção. “O feedback tem sido muito positivo com envolvimento dos principais guarda-redes do campeonato nacional”, afiança Mário Vaz.

Ainda segundo o mesmo investigador, é muito possível que Portugal seja o primeiro país a homologar um capacete com estas características, estando apenas dependente de se encontrar uma empresa que queira associar-se ao projeto. E nunca é demais lembrar que “a empresa AZEMAD, de Oliveira de Azeméis, fabricante de stiques para hóquei em patins, conseguiu transforma-se no maior fabricante mundial de stiques através de três projetos de colaboração realizados através do INEGI/LABIOMEP”, rematou.