Nadir Afonso foi um dos introdutores da abstração geométrica em Portugal (Fotos: U.Porto)

Nadir Afonso, um dos artistas mais conceituados da Arte Portuguesa do século XX e figura de proa do ensino artístico na Universidade do Porto, faleceu esta quarta-feira, aos 93 anos, em Cascais.

Autor de uma obra singular, onde a pintura e a arquitetura se cruzam e e influenciam, Nadir Afonso (1920, Chaves) formou-se em Arquitetura pela Escola de Belas-Artes do Porto (antecessora das atuais faculdades de Arquitetura e de Belas Artes) e em Pintura pela École de Beaux-Arts de Paris (1946),ao lado de nomes como Pablo Picasso, Max Ernst, ou Max Jacob. Os anos seguintes são divididos entre Paris e o Brasil, onde colabora com arquitetos de renome como Le Corbusier (que orientou a tese “A Arquitectura não é uma Arte“, defendida na ESBAP) ou Óscar Niemeyer, e desenvolve os estudos sobre pintura a que denomina “Espacillimité”.

De regresso a Portugal, dedica-se em exclusivo à Pintura, sendo considerado um dos introdutores da abstração geométrica no nosso país. Prémio Nacional de Pintura em 1967 e Prémio Amadeo de Sousa-Cardoso em 1969,  está representado em museus de várias cidades espalhadas pelo mundo, como Rio de Janeiro e Berlim. O Museu do Chiado, a Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu Nacional Soares dos Reis foram algumas das instituições que dedicaram grandes exposições à sua obra.

Em novembro de 2012, Nadir Afonso foi homenageado pela Universidade do Porto com a atribuição do título de Doutor Honoris Causa, como forma de reconhecimento do seu “contributo para a promoção e projeção da imagem de Portugal e da cultura do século XX, em especial, nas artes plásticas e na pintura, mas também pelo percurso contínuo, intenso, vigoroso, persistente e sem limites do artista, ao longo de 75 anos de carreira”. A cerimónia teve lugar na Faculdade de Belas Artes (FBAUP) e culminou com a apresentação do livro “Nadir Afonso – Arte, Estética e Teoria”, de António Quadros Ferreira.

O funeral de Nadir Afonso realiza-se no próximo sábado de manhã, na Igreja da Misericórdia, em Chaves. Entretanto, o município já decretou dois dias de luto municipal em homenagem ao artista.