A exposição estará patente no Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Matosinhos até 28 de abril e a entrada é gratuita.

Imagine-se um gigante submerso nos oceanos, capaz de engordar oito toneladas por ano. Predador voraz e sinistro, o monstro ataca e mata outras espécies marinhas e envenena toda a cadeia alimentar, do zooplâncton ao nosso prato. É horrível e bem nosso conhecido. Chama-se lixo de plástico e está em destaque na exposição “Mar de Plástico”do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR), inaugurada dia 6 de janeiro no Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental (CMIA) de Matosinhos.

Estima-se que mais de 8 milhões de toneladas de plástico vão parar todos os anos ao oceano, levados pelos ventos, esgotos, rios e chuvas, ou deitados diretamente nas praias ou no mar. A maior parte deste plástico vai parar aos fundos marinhos, enquanto o restante fica a flutuar ou é trazido de volta para as praias. Este plástico causa graves consequências nos animais marinhos, que podem morrer ao ingeri-lo ou por ficarem presos nos detritos. Além disso, os plásticos apresentam alta durabilidade e vão-se apenas partindo em partículas cada vez mais pequenas devido à ação do sol. Estes microplásticos absorvem grande quantidade de contaminantes da água e podem ser facilmente ingeridos pelo zooplâncton e por pequenos peixes, iniciando uma corrente de acumulação de contaminantes ao longo da cadeia alimentar, que pode acabar no nosso prato.

Destinada a alertar a população para os graves problemas gerados pelos resíduos de plástico no oceano, a exposição gratuita é organizada pela Campanha Ocean Action do CIIMAR  e estará patente até 28 de abril. No espelho de água em volta do CMIA, em que assenta a Biblioteca Municipal Florbela Espanca, encontramos três esculturas de grandes dimensões construídas com lixo plástico por alunos da Escola Superior Artística do Porto, retratando diferentes consequências daqueles resíduos sobre a vida marinha.

No interior do CMIA encontramos toda a informação este problema, distribuída por painéis infográficos, vídeos, áreas sensoriais e objetos artísticos. Ali se encontra, por exemplo, um supermercado de plástico constituído por uma infinidade de objetos de uso diário, recolhidos durante ações de limpeza de praias realizadas no âmbito da campanha Ocean Action, etiquetados não com as respetivas datas de validade, mas com o tempo de vida esperado de cada objeto no mar, o qual pode alcançar em alguns casos as largas centenas ou milhares de anos. Mais à frente os visitantes são convidados a atravessar um corredor de objetos de plástico, que permite percecionarem o efeito opressivo da acumulação do plástico no meio marinho. A exposição apresenta ainda uma mostra de trabalhos premiados no concurso “Poluição do Oceano”, organizado para escolas a nível nacional, nas modalidades reciclarte, cartaz de sensibilização, fotorreportagem e infografia. Ao longo dos próximos meses serão também dinamizadas atividades de ciência experimental e será possível a marcação de visitas escolares.

Segundo José Teixeira, coordenador da Campanha Ocean Action, “a exposição recorre ao uso da arte e a diferentes ferramentas de comunicação com forte impacto visual para atrair a atenção da sociedade para o problema do lixo marinho e alertar assim para a necessidade da adoção de comportamentos ambientalmente responsáveis pela população”.

A Campanha Ocean Action, financiada pela EEA Grants, contempla, ainda, a realização de atividades práticas e de sensibilização em escolas, ações de limpeza de praias e a produção de vídeos educativos.