São considerados os melhores especialistas na área do cancro da tiróide a nível europeu e, no próximo dia 28 de novembro, terça-feira, vão estar no Porto para apresentar os desenvolvimentos impressionantes que se têm registados nos últimos anos a nível do diagnóstico, prognóstico e tratamento desta patologia. O palco será o Encontro de Outono da Organização Europeia Para Investigação e Tratamento do Cancro (EORTC) e do Grupo de Estudo da Tireoide da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), que vai ter lugar  no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), a 28 de novembro.

Presentes neste encontro multidisciplinar estarão especialistas europeus  tanto da área clínica (especialistas em endocrinologia, oncologia, medicina nuclear), como investigadores básicos em cancro da tiróide. Um facto que, para Paula Soares, investigadora do Ipatimup/i3S e líder de um dos grupos de investigação em cancro da tiróidemais produtivos da Europa,”é especialmente relevante por se dar numa altura em que são propostas alterações nos critérios de diagnóstico, estadiamento e tratamento dos doentes com cancro da tiróide” as quais “implicam consensus e uma aprendizagem multidisciplinar». A presença de especialistas europeus no assunto, remata a investigadora, «vai permitir discutir estes tópicos de uma forma integrada».

Esta reunião associa-se temporalmente à recente publicação do livro «Rare Tumors of the Thyroid» e em debate estarão temas como o aparecimento de um novo diagnóstico (NIFT-P) de tumor da tiróide e o ressurgir de um antigo (tumores de células Hürthle), que mereceram destaque na edição de 2017 do livro da Organização Mundial de Saúde. Assistiu-se também à proposta de um novo sistema de estadiamento, que será utilizado a partir de 2018, e que altera alguns dos critérios de prognóstico já estabelecidos (ou seja, idade e invasão microscópica).

Por outro lado, alterações genéticas recentemente descritas parecem fornecer, pela primeira vez, informações prognósticas significativas (mutações TERTp). No campo dos tratamentos estamos a assistir a uma tendência para a redução das doses de tratamento com iodo radioativo e a uma tentativa de se encontrarem terapias mais específicas para os cancros da tiróide mais agressivos.

O que importa saber sobre a tiróide

A tiróide é uma das maiores glândulas do nosso corpo. Situa-se pouco abaixo da chamada «maça de adão», tem a forma de uma borboleta, e regula a função de órgãos tão importantes como o coração, o cérebro, o fígado, os rins, entre outros.

Calcula-se que mais de um milhão de portugueses é afetado por distúrbios da tiróide. Isto é, um em cada dez pessoas virá a ter um problema da tiróide diagnosticado. Ainda assim, muitos problemas relacionados com a tiróide podem passar desapercebidos, sendo os sintomas interpretados como simples sinais de «stress» ou depressão. Sintomas como o aumento da frequência cardíaca, nervosismo, inquietação, dificuldades em dormir, emagrecimento ou aumento de peso, depressão, Impotência sexual, sensações de calor ou frio, têm muitas vezes origem no mau funcionamento da tiróide, seja por hipertiroidismo ou hipotiroidismo (excesso ou defeito na produção de hormonas da tiróide).

O cancro da tiróide é o tipo mais frequente de cancro dos órgãos endócrinos e o quarto tumor mais frequente nas mulheres. Pode ocorrer em qualquer idade, embora seja mais frequente a partir dos 35 anos e é “curável /tratável” se diagnosticado numa fase precoce.