Prémio de 50 mil euros permitirá à investigadora Patrícia Guerreiro iniciar a sua própria linha de investigação.

A primeira edição do Prémio Francisco Augusto da Fonseca Dias e Maria José Melenas da Fonseca Dias para Jovens Investigadores foi atribuído a Patrícia Guerreiro, investigadora do grupo «Cytoskeletal Regulation & Cancer» do Instituto de Investigaçõ e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S).

O projeto de Patrícia Guerreiro, denominado «Actin cytoskeleton in breast cancer stem cells (CSCs) biology: insights into tumor progression and anticancer therapy resistance», tem como objetivo identificar proteínas envolvidas no aparecimento das células estaminais do cancro. Para isso, a investigadora contará com um apoio de 50 mil euros, que lhe permitirá iniciar a sua própria linha de investigação.

Os tumores sólidos, como o da mama, são constituídos por vários tipos de células, nomeadamente por células estaminais do cancro que, apesar de constituírem uma percentagem reduzida das células da massa tumoral, adquirem um papel relevante porque têm a capacidade de se auto-renovarem, de se diferenciarem nos diferentes tipos de células do tumor, são resistentes aos fármacos existentes e estão envolvidas no processo de metastização sendo responsáveis pela progressão e recidiva dos tumores. Aliado a isto, explica Patrícia Guerreiro, «também sabemos que o esqueleto das células, designado por citoesqueleto de actina, não só confere estrutura às células, mas também está envolvido em diferentes processos de desenvolvimento de células cancerígenas, nomeadamente no aparecimento das tais células estaminais do cancro e na transformação de lesões benignas em tumores malignos. O projeto proposto tem precisamente como objetivo identificar proteínas que regulam o citosqueleto de actina e que estão envolvidas no aparecimento das células estaminais do cancro».

A identificação do papel do citosqueleto de actina na aquisição de características estaminais e na resistência à terapêutica, continua a investigadora, «permitirá identificar novos biomarcadores, não só para conseguirmos antecipar e, eventualmente, travar a evolução da doença, melhorando assim a resposta ao tratamento, e identificar novos alvos terapêuticos para atuar ao nível das células estaminais do cancro». Isto, conclui Patrícia Guerreiro, «será um importante passo no diagnóstico e tratamento do cancro da mama do tipo basal que, atualmente, ainda constitui uma das formas mais agressivas e difíceis de tratar».

Para a investigadora, este prémio é «um importante incentivo aos jovens investigadores» e, sublinha, «tendo em conta as dificuldades de financiamento que existem na ciência, os 50 mil euros serão muito importantes para aquisição de material e reagentes necessários à realização das experiências e para a divulgação dos resultados do projeto através do apoio à publicação de artigos científicos e participação num congresso internacional». Uma parte deste prémio, adianta ainda, «será também utilizada para atribuir uma bolsa de investigação de forma a garantir os recursos humanos necessários para atingir o objetivo do projeto».

O Prémio Francisco Augusto da Fonseca Dias e Maria José Melenas da Fonseca Dias para Jovens Investigadores resulta do legado deixado por D. Maria José Alves Melenas Dias ao Ipatimup e tem como objetivo apoiar a investigação científica em Cancro e Doenças Pré-Cancerosas.

O Júri do prémio foi constituído por Manuel Sobrinho Simões (Presidente do Ipatimup e vice-diretor do i3S), Manuel Teixeira (Diretor do Serviço de Genética e do Centro de Investigação do IPO-Porto) e por José de Almeida Vicente (Investigador do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST-UL).