Quando pisa as pistas de Roller Derby, Joana Bailão (em destaque na foto) transforma-se em Big Jo Highwheels.

Esta história podia bem ser o início de uma mini-série. Ou de um filme. A protagonista chama-se Joana Bailão, trabalha no departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e pratica roller derby sempre que pode. Diz que soube da existência da modalidade através de um convite do Facebook, em 2011, e a partir daí passou a integrar a Roller Derby Porto, a primeira equipa portuguesa de Roller Derby. A particularidade da modalidade é o facto de se jogar no feminino e de ser considerado um desporto de contacto disputado entre patins, em que as atletas têm nomes de guerra.

A dedicação de Joana Bailão (Big Jo Highwheels) valeu-lhe a nomeação para integrar a primeira chamada da seleção portuguesa num campeonato do mundo, que vai disputar-se em Dallas (EUA), de 4 a 7 de dezembro. Vão lá estar as melhores do mundo e a expetativa é grande junto da comitiva portuguesa: “ Nós encaramos esta participação com muito orgulho mas com muita humildade também! Para todos nós que fazemos parte da Team Portugal Roller Derby, atletas e equipa técnica, é a realização de um sonho!” E garante que a equipa está unida e focada em trazer um bom resultado: “ Vamos jogar da mesma forma como treinamos: para ganhar, mas temos noção da nossa falta de experiência. De qualquer forma não é por isso cruzamos os braços, estamos a trabalhar para fazer uma boa prestação e deixar uma boa impressão da nossa equipa. Queremos, fundamentalmente, aprender e disfrutar da experiência”, esclarece Joana Bailão.

A Seleção Nacional foi criada e desenvolvida com as melhores atletas portuguesas a jogar em vários países como Portugal, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos e Finlândia. E sendo um desporto ainda muito recente em Portugal, os apoios e patrocínios são praticamente inexistentes, o que faz com que os custos das viagens sejam totalmente suportados pelas atletas. “Um verdadeiro caso de amor à camisola”, como define Big Jo Highwheels. “Queremos deixar o país orgulhoso da nossa partipação, tanto quanto nós estamos orgulhosas por o representar!”.

As regras do Roller Derby

A modalidade nasceu nos EUA em 1935. Em Portugal existe desde 2011 pelas mãos de Marta Carvalho (Bloodrunner) e Ana Cruz (McPain), ambas da cidade do Porto. A nível nacional existem mais seis equipas distribuídas pelo Porto, Lisboa, Leiria, Coimbra e Algarve, mas oficialmente apenas duas estão em competição, a equipa do Porto e uma de Lisboa. As outras estão apenas no começo.

Joana Bailão define o Roller Derby como “um desporto fisicamente muito exigente, que requer agilidade, força, velocidade, comunicação e muito trabalho de equipa. Pratica-se numa pista oval com duas equipas de patins”. Cada equipa é composta por cinco patinadoras (quatro blockers/ uma jammer), mas apenas uma pontua, a Jammer, cujo objetivo é ultrapassar o maior número de vezes a equipa adversária. As outras quatro patinadoras, as Blockers, não marcam pontos, mas trabalham na defesa e no ataque, bloqueando a Jammer adversária e abrindo espaço para a Jammer da sua própria equipa.

E como tem sido conciliar a vida profissional com a prática da modalidade? Joana Bailão admite que “nem sempre é fácil” até porque o roller derby exige também “muito investimento pessoal, muito treino e empenho para superarmos as nossas dificuldades e em tentarmos estar ao nível das nossas companheiras de equipa! Isso envolve vários treinos por semana, assim como muitas viagens! Como não temos muitas referências no nosso país nem equipas nacionais para jogar ao nosso nível, temos de trazer pessoas de fora para nos treinarem e viajamos muitas vezes para participar em bootcamps e em jogos”. Quanto a viver da modalidade, “é um sonho” para Joana Bailão. “Ainda estamos um bocadinho longe dessa realidade, mas não tenciono desistir tão cedo, por isso não perco a esperança!”