O UsoDrogas.PT é um estudo nacional, coordenado por investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que pretende avaliar a utilização dos serviços de saúde e o estado de saúde física e mental dos portugueses que usaram drogas ilícitas, pelo menos uma vez, nos últimos 12 meses. O objetivo último passa por influenciar políticas e medidas de saúde pública relacionadas com o uso de drogas em Portugal.

O projeto surgiu na sequência de um primeiro estudo que caracterizou os padrões de consumo dos utilizadores de drogas de alto risco (consumo injetável, regular e/ou de longa duração de opiáceos, cocaína e/ou anfetaminas) a céu aberto, na cidade do Porto, e que visou perceber a utilização que esta população faz dos serviços de saúde e as barreiras que encontra no acesso a estes cuidados. Os resultados do trabalho estão disponíveis aqui.

“A primeira parte do estudo foi direcionada para a população de utilizadores de drogas com consumos de alto risco a céu aberto na cidade do Porto. Agora, e porque sabemos que estamos a deixar de fora uma grande parte das pessoas que utilizam drogas, pretendemos recolher a mesma informação sobre uma população mais alargada e diversificada de pessoas que usam drogas ilícitas, com o objetivo de a comparar com os resultados do estudo anterior”, explica André Tadeu, coordenador do UsoDrogas.pt e investigador do ISPUP.

A recolha de informação está a ser feita através de um questionário online (disponível na plataforma www.usodrogas.pt), que garante o anonimato dos participantes e a confidencialidade dos dados submetidos.

Espera-se conseguir uma caracterização detalhada sobre alguns aspetos da vida das pessoas que usam drogas ilícitas em Portugal, como, por exemplo, os modos e as circunstâncias dos consumos (contexto, frequência, etc.), as características sociodemográficas e a opinião sobre políticas públicas relacionadas com o uso de drogas e o envolvimento em situações de violência. Pretende-se também compreender como é que tudo isto influencia o estado de saúde dos utilizadores e o uso que fazem dos serviços de saúde.

“A discriminação, o medo e o preconceito condicionam a falta de dados, e essa falha de informação é usada muitas vezes para justificar a falta de políticas públicas adequadas. Com este trabalho, pretendemos fornecer informação para a tomada de decisão sobre políticas de saúde pública relacionadas com a utilização de drogas”, refere André Tadeu.

O UsoDrogas.PT está em fase de recolha de informação até agosto de 2018. Podem responder ao questionário indivíduos com 18 anos ou mais, que tenham consumido drogas nos últimos 12 meses (mesmo que só uma ou duas vezes).