O isolamento dos doentes em fase contagiosa e o uso de máscaras de proteção são algumas das principais medidas de prevenção de transmissão da tuberculose. (Foto: DR)

Os hospitais portugueses adotam as principais medidas de prevenção de transmissão da tuberculose, mas é necessário um maior esforço para a implementação eficaz dessas medidas, resolvendo pequenas falhas existentes, conclui um estudo levado a cabo por investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Para minimizar o risco de transmissão da tuberculose entre doentes, profissionais de saúde e visitas, nos hospitais portugueses, é indispensável a existência de um programa de prevenção que contemple medidas como o diagnóstico e a aplicação rápida e adequada de tratamento, o isolamento dos doentes em fase contagiosa, e a educação das pessoas para o uso de máscaras de proteção individual.

“A nível mundial, e apesar dos esforços da Organização Mundial de Saúde e das várias instituições locais, são ainda relatadas elevadas prevalências de infeção e de doença em profissionais de saúde e falhas nas medidas de contenção da infeção”, referem os investigadores do estudo, coordenado por Raquel Duarte, responsável pelo Núcleo de Investigação em Doenças Infeciosas da EPIUnit do ISPUP. “Impera, assim, a necessidade de se conhecer os programas implementados em cada hospital do país, de forma a mapear as falhas no controlo de transmissão da tuberculose e encontrar soluções para a sua resolução”, adiantam.

Neste contexto, os investigadores desenvolveram um estudo que avaliou a implementação das principais medidas de prevenção de transmissão da tuberculose nos hospitais portugueses. Foram aplicados questionários online anónimos às comissões de infeção e aos médicos dos Serviços de Infeciologia e Pneumologia, onde estes doentes são geralmente tratados.

Segundo as comissões de infeção, 92% dos hospitais apresentam um plano de controlo estabelecido, mas apenas cerca de metade (54%) avalia a sua implementação no dia-a-dia. Quanto à admissão ao diagnóstico, somente 37% dos médicos refere que estes doentes são encaminhados para uma avaliação rápida.

Os resultados mostram ainda que a política de isolamento é já uma realidade na maioria dos hospitais, sendo os doentes infetados internados em quartos separados, de acordo com 70% dos médicos. A maioria dos profissionais de saúde (92%) refere que se usam máscaras de proteção individual para prevenir a transmissão da doença, embora nem sempre de forma estandardizada em relação ao tipo de máscara.

“Os planos de controlo de transmissão nosocomial da tuberculose devem contemplar medidas que permitam um diagnóstico e início de tratamento precoce da doença; o isolamento do doente durante o período de contagiosidade; a educação do doente, das visitas e dos profissionais para a utilização de material de proteção individual. Apesar de a maioria dos serviços questionados referir a existência de protocolos, foram identificadas falhas que devem ser colmatadas”, refere Raquel Duarte.

O estudo intitulado “Nosocomial tuberculosis prevention in Portuguese hospitals: a cross-sectional evaluation.” foi publicado no “The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease”.