A apresentação dos resultados deste estudo sobre sonolência ao volante é acompanhada por ações no terreno em vários países europeus.

23% dos portugueses inquiridos revelaram ter adormecido ao volante pelo menos uma vez nos últimos 2 anos e, destes, 8% reportaram ter tido um acidente de trânsito como consequência. Estes são alguns dos resultados do Wake-up Bus Sleep Study, um estudo europeu sobre sonolência ao volante, cuja análise estatística e produção do respectivo relatório técnico ficou a cargo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).

Através de um questionário online feito em 19 países europeus (Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Grécia, Holanda, Islândia, Itália, Lituânia, Polónia, Portugal, Roménia, Sérvia, Suécia e Turquia), este estudo da European Sleep Research Society e, em Portugal, da Associação Portuguesa do Sono (presidida por Marta Gonçalves, estudante de doutoramento em Saúde Pública no ISPUP), procurou estimar e comparar a prevalência de adormecimento ao volante nestes países, perceber as consequências destes adormecimentos, a possível gravidade dos acidentes daí resultantes e também identificar fatores associados a uma maior probabilidade de adormecer ao volante.

Os indivíduos que declararam ter conduzido maior distância no ano anterior (mais de 20 000 km) tiveram maior risco de adormecer ao volante, sendo que o risco de adormecer ao volante nos homens foi quase o dobro do encontrado nas mulheres. Para além destes dados, verificou-se que o risco de adormecer ao volante foi 3 vezes maior nos indivíduos com probabilidade elevada de apneia obstrutiva do sono, quando comparados com os que apresentaram baixa probabilidade desta doença.

A apresentação dos resultados deste estudo é acompanhada por ações no terreno, através de uma campanha que vai passar por vários países europeus. Esta campanha, que em Portugal leva o título de “Se conduzir não dê boleia ao sono”, tem início no Porto e em Lisboa, no dia 3 de outubro, com ações de rua em ambas as cidades. Além da distribuição de materiais informativos e rastreios a problemas do sono em ambos os locais, as ações no Porto contam com a presença do eurodeputado Paulo Rangel e, em Lisboa, a apresentação dos resultados do inquérito irá ser acompanhada pelo Secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo D’Ávila.

Este “Wake-Up Bus” é direcionado para a sensibilização de condutores (profissionais ou não), sociedade civil e decisores políticos, e leva os membros da European Sleep Research Society a passar por dez países europeus. Com partida marcada de Lisboa, no dia 4 de outubro, o autocarro atravessa Espanha, França, Itália, Eslovénia, Croácia, Áustria, Polónia e Alemanha, até chegar ao seu destino final: o Parlamento Europeu, em Bruxelas, onde a delegação irá ser recebida oficialmente.

Este estudo reforça a importância do sono ao volante como potencial causa de acidentes de trânsito e permitirá comparar esta realidade entre estes 19 países-alvo do estudo. É ainda relevante para a identificação de grupos da população em maior risco de adormecer ao volante.

Raquel Lucas, investigadora do ISPUP responsável pela análise destes dados, acompanha a comitiva do Wake-Up Bus Sleep Study neste périplo de sensibilização pela Europa e na reunião final de apresentação do documento no Parlamento Europeu.