Celso Reis (à esq.) liderou investigação que contou com a participação de Stefan Mereiter (à dir.), primeiro autor do artigo. (Foto: i3S)

Uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), liderada por Celso Reis, descobriu «uma forma muito mais simples de identificar carcinomas gástricos de subtipo MSI», que representa 21,4 por cento dos tumores gástricos existentes. Esta descoberta, que acaba de ser publicada no prestigiado Journal of Clinical Medicine, é particularmente importante porque poderá permitir detetar de forma muito mais rápida e menos dispendiosa um tipo de cancro para o qual já existe um tratamento clínico com bons resultados, nomeadamente a imunoterapia.

Os carcinomas gástricos podem ser classificados de acordo com o seu perfil de alterações genéticas e sabemos que existem quatro tipos diferentes, sendo um deles o MSI – instabilidade em microssatélites. No entanto, apesar da importância do MSI para a diferenciação dos pacientes, o tempo e os recursos necessários para o seu diagnóstico ainda representam um obstáculo, já que atualmente se utilizam quatro biomarcadores para identificar este subtipo de cancro gástrico.

«Foi muito importante encontrarmos um só biomarcador para identificar este subtipo porque é dos poucos para o qual já existe uma terapia dirigida e eficaz», explica Stefan Mereiter, primeiro autor do artigo.

Durante o trabalho os investigadores analisaram vários mecanismos e encontraram uma associação altamente significativa entre a expressão do antígeno TF (Thomsen-Friedenreich) e a instabilidade em microssatélites, sublinha Celso Reis. Para chegarem a estas conclusões, os investigadores utilizaram amostras de uma população europeia, pelo que a próxima etapa, explica o investigador, «passa por validar este biomarcador noutras séries independentes e em diferentes populações».

«Sabemos igualmente que há tumores noutros órgãos que apresentam características de MSI, nomeadamente no cancro colorretal e no cancro do endométrio, por isso queremos verificar se o biomarcador que agora descobrimos também identifica estas características nestes cancros», adiantam Celso Reis e Stefan Mereiter.