Projeto visa ajudar pacientes diabéticos no controlo dos níveis de glicose e alívio de complicações.

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Instituto de Biologia Celular e Molecular da U.Porto (IBMC), coordenada por Isaura Tavares, professora associada da FMUP, integra um projeto europeu inovador na área da diabetes, constituindo a única parceria portuguesa participante.

O projeto denomina-se REDDSTAR (Repair of Diabetic Damage by Stromal Cell Administration), é financiado pelo Sétimo Programa Quadro da Comissão Europeia, tem a duração de três anos e recebeu 6 milhões de euros a distribuir por um consórcio multidisciplinar de especialistas na investigação e tratamento de complicações de diabetes. O objetivo final do projeto é ajudar pacientes diabéticos a conseguirem simultaneamente o controlo dos níveis de glicose no sangue e o alívio de complicações da diabetes.

De acordo com Isaura Tavares, “a tarefa da Universidade do Porto dentro do projeto REDDSTAR será avaliar a capacidade de uma população de células-estaminais para evitar os efeitos da diabetes em áreas do sistema nervoso envolvidas na transmissão de informação dolorosa. Os estudos do projeto REDDSTAR visam, em última análise, ajudar pacientes diabéticos estando previstos ensaios clínicos a realizar na Dinamarca nas complicações da diabetes que responderem melhor à terapia celular “.

A neuropatia diabética é uma complicação causada pela progressão da diabetes e que atinge muitos doentes. Além da dor espontânea e de alterações na sensibilidade à dor, a neuropatia diabética pode resultar em amputações dos membros inferiores. O número de pessoas diagnosticadas com diabetes no Mundo está a aumentar drasticamente o que tem aumentado o número de casos de neuropatia diabética.

Como resultado do aumento dos níveis de glicose no sangue durante a diabetes podem ocorrer lesões dos nervos periféricos. A neuropatia diabética também é causada por alterações em estruturas do sistema nervoso central envolvidas na transmissão e processamento de sinais potencialmente dolorosos.

Em Portugal, a situação parece ser séria. O Observatório Nacional de Diabetes publicou em 2010 o único estudo epidemiológico realizado no país, que mostra que 12,4% da população sofre de diabetes. Contudo, apenas 7% dos diabéticos estão devidamente diagnosticados. Isto significa que aproximadamente 400 mil portugueses são diabéticos sem terem conhecimento da sua condição clínica e, consequentemente, não são tratados.