No trabalho premiado, Fátima Brandão avaliou os efeitos tóxicos de nanomateriais manufaturados numa linha celular de rato. (Foto. DR)

Fátima Brandão, da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), foi distinguida com o prémio de melhor comunicação oral no âmbito do 4º Congresso Internacional de Toxicologia Ocupacional e Ambiental (ICOETox 2018), que decorreu em Matosinhos, de 24 a 26 de outubro.

A distinção foi atribuída pelo Grupo Taylor and Francis ao trabalho designado Toxicity of different classes of manufactured nanomaterials in rat alveolar epithelial RLE-6TN cells, no qual Fátima Brandão avaliou os efeitos tóxicos de nanomateriais manufaturados numa linha celular de rato.

“Este estudo insere-se no âmbito do projeto europeu NanoToxClass que visa facilitar a avaliação de risco para a saúde humana de certos nanomateriais manufaturados (industrialmente relevantes), desenvolvendo novas abordagens que facilitem o seu agrupamento e regulamentação, de modo a garantir a sua utilização segura e a minimização dos riscos para a saúde pública”, explica a investigadora e primeira autora do estudo, coordenado pelo investigador do ISPUP, João Paulo Teixeira.

Apesar da extensa pesquisa realizada nas últimas décadas sobre os potenciais riscos para a saúde humana dos nanomateriais, não foi ainda possível formular conclusões generalizadas a este respeito e são poucas as estratégias disponíveis sobre o seu agrupamento em classes de acordo com a sua toxicidade.

A investigação premiada – no âmbito da sessão temática do Congresso dedicada aos últimos avanços no campo da nanotoxicologia – “focou-se especificamente na avaliação da citotoxicidade e da genotoxicidade de um painel de nanomateriais manufaturados importantes do ponto de vista económico, incluindo diferentes variantes de nanopartículas de sílica, óxido de grafeno e nano pigmentos numa linha celular de rato”, refere Fátima Brandão.

Os resultados mostraram ainda que os nanomateriais testados provocam efeitos tóxicos na linha celular de rato avaliada, principalmente as nanopartículas de óxido de grafeno, as quais induzem tanto citotoxicidade como dano no ADN (ácido desoxirribonucleico).

Fátima Brandão considera que “a integração destes resultados na base de dados do projeto europeu NanoToxClass contribuirá para compreender melhor os potenciais efeitos adversos da utilização destes nanomateriais manufaturados e desenvolver critérios para o seu agrupamento de acordo com a sua toxicidade”.

Os investigadores Lior Hassan (Negev University, Israel), Giulia Bastia (Instituto Yncrea Hauts, França), Fisnik Asllani (Prishtina University, Kosovo) e Cátia Sousa (Universidade do Porto, Portugal) foram também premiados pelos seus trabalhos.